Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Análise
'Onda migratória' poderá ser menos forte do que se imagina
JON HENLEY DO "GUARDIAN", EM BUCARESTEAo aumentar as restrições para a entrada de imigrantes e ao dificultar o acesso deles aos benefícios governamentais, o Reino Unido reacende o debate sobre o princípio da livre circulação de pessoas dentro da União Europeia.
A MigrationWatch, organização que faz lobby pelo aumento das restrições migratórias, estima que de 50 mil a 70 mil romenos e búlgaros virão para o Reino Unido a cada ano até 2019. Já a campanha Migration Matters Trust, que desafia "o consenso anti-imigração", estima que esse número será de, no máximo, 20 mil por ano.
O cenário também é menos dramático ao se conversar com estudantes, trabalhadores e autoridades de Sofia e Bucareste. Poucos deles acreditam que haverá uma onda de imigração para o Reino Unido ou que seja estatisticamente relevante o número de pessoas que migram ao país somente em busca de benefícios do governo britânico.
Eles argumentam que romenos e búlgaros viajam sem visto para o Reino Unido desde 2007 --e que as restrições temporárias, as que deixarão de vigorar, não impediram que eles trabalhassem ali.
Na Romênia, as pessoas tampouco concordam com a ideia de que muita gente se disporia a emigrar para um país estrangeiro somente para conseguir benefícios governamentais. "Que ideia maluca. Por que alguém faria isso? Se as pessoas vão, é para trabalhar e contribuir", diz Nasko Stoikov, que trabalha como auditor em Sofia.