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Irã e União Europeia dizem ter avançado em acordo nuclear
Segundo vice-chanceler iraniano, há 'soluções para todas as divergências', mas aval do governo ainda é necessário
EUA veem progresso na negociação, mas negam que ela tenha chegado ao fim; cresce apoio no Senado a novas sanções
Representantes do Irã e da União Europeia disseram ter avançado na discussão sobre como implantar o histórico acordo nuclear fechado em novembro entre os iranianos, os EUA e outras cinco potências (Reino Unido, Rússia, China, França e Alemanha).
Ontem, o vice-chanceler iraniano, Abbas Aragchi, encontrou-se em Genebra (Suíça) com altos funcionários da União Europeia para tentar definir a data de aplicação do pacto nuclear e os detalhes da sua implementação.
Aragchi saiu da reunião dizendo que os dois lados haviam encontrado "soluções para todas as divergências", mas ainda era necessário consultar a cúpula do seu governo. "Agora estamos levando essas soluções para casa. Elas podem ser confirmadas ou não; espero que sejam."
Um porta-voz da UE, por sua vez, declarou que a reunião resultara em "grande progresso em todas as questões importantes", mas também ressaltou que as decisões tinham de ser validadas por autoridades superiores.
O acordo firmado em novembro prevê, entre outros pontos, alívio a sanções que prejudicam a economia do Irã durante seis meses, a contar da data da implementação.
Nesse período, Teerã também se compromete a congelar o desenvolvimento de seu programa nuclear --o grande temor de aliados dos EUA, como Israel, é que o objetivo do programa seja fabricar a bomba atômica, algo que os iranianos sempre negaram.
Para que o pacto entre em vigor, porém, Irã e potências ainda têm de resolver uma série de pendências --por exemplo, como se verificará que os iranianos estão cumprindo o acordo e quanto tempo será preciso do anúncio de Teerã de que congelou o programa até o alívio das sanções.
Em razão disso, ontem a Casa Branca mostrou cautela ao se manifestar sobre as conversas em curso na Europa. Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado, reconheceu ter havido avanços, mas disse que "os relatos de que as negociações chegaram ao final são incorretos".
AMEAÇA NO SENADO
Outro possível obstáculo à implementação do pacto nuclear é que o Congresso americano aprove --contra a vontade de Obama, que patrocinou o acordo com o Irã-- novas sanções contra este.
Fontes no Capitólio disseram à agência Associated Press que 59 dos 100 senadores apoiam novo pacote de punições aos iranianos, para obrigá-los a mais concessões em seu programa nuclear.
No Senado americano --onde o Partido Democrata, do presidente Obama, tem maioria--, são necessários 60 votos para aprovar a maior parte das propostas e 67 para derrubar um veto presidencial.
Na Câmara, dominada pela oposição republicana, a maioria já é favorável a mais sanções econômicas ao Irã, o que pode minar o acordo.