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Protesto na Suécia evidencia aumento da xenofobia no país

Em resposta a ataque de neonazistas, manifestação contra o racismo leva 16 mil pessoas às ruas

País vive embate entre defensores e críticos de suas leis de imigração, que estão entre as mais liberais da Europa

MARINA REIS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ESTOCOLMO

Não fosse pelos gorros e casacos de inverno, a arena lotada poderia ser o cenário de um típico festival de verão europeu. Mas era um protesto contra o racismo e a xenofobia, que em 22 de dezembro levou 16 mil pessoas a Kärrtorp --bairro no sul da capital da Suécia, Estocolmo.

Apenas uma semana antes, Kärrtorp havia sido cenário de um ataque neonazista: cerca de 700 pessoas se manifestavam contra o racismo quando foram surpreendidas por um grupo armado de 50 membros da organização Movimento de Resistência Sueca.

Os seis policiais presentes ao ato foram insuficientes para conter o ataque, que feriu dezenas, incluindo crianças.

O episódio, que resultou na prisão de 28 pessoas, chamou a atenção da Suécia --país cujas leis de imigração são mais generosas que as de outras regiões da Europa-- para o crescimento da xenofobia dentro das suas fronteiras.

No mesmo dia do ato em Estocolmo --para o qual, desta vez, centenas de policiais foram deslocados--, houve protestos antirracismo em cerca de 20 cidades suecas.

"Quando o racismo se expressa pela violência física, muitos estão preparados para sair às ruas e lutar por uma sociedade aberta para todos", disse Ammar Khorshed, organizador do ato na capital.

Filho de iraquianos nascido na Hungria, Khorshed chegou ao país aos quatro anos. Hoje, naturalizado sueco, faz mestrado em geografia humana. Para ele, apesar de a maioria rejeitar o extremismo neonazista, há preconceito velado no cotidiano.

"A discriminação nas escolas, no trabalho e para alugar imóveis é um grave problema, que não parece melhorar. É importante continuar com o engajamento", afirma.

ALVO ISLÂMICO

Dados do governo sueco mostram ligeira queda nas denúncias dos chamados "crimes de ódio" (motivados por preconceito). Em 2012, foram 5.518, mesmo nível do ano anterior (2011), mas recuo de 6% em relação a 2008.

Imigrantes muçulmanos, porém, continuam sendo os principais alvos de ataques extremistas. No ano passado, em Malmö, Mariam Issa, 17, e sua mãe, Sabrieh, 43, foram agredidas por um desconhecido na rua por usarem véu.

A cada ano, a Suécia concede a mais de 100 mil imigrantes permissão de residência --foram 111 mil em 2012 e 107,8 mil de janeiro a novembro de 2013. Além disso, o país passou a ser o primeiro da União Europeia a dar residência permanente a refugiados da guerra na Síria.

Há constantes embates entre aqueles que são a favor de que se dê asilo a mais pessoas e os que defendem o fim das concessões aos imigrantes.

Entre as dificuldades enfrentadas está a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho, uma das questões mais cruciais, de acordo com estudos feitos pelo governo.

"Serão necessários mais imigrantes para manter o Estado de bem-estar social. A integração precisa melhorar e ser mais rápida", diz o pesquisador Jesper Strömbäck.

O governo divulgou que o orçamento para a política de integração para 2014 --que inclui compensação a cidades que abrigam refugiados e verba para treinamento e instalação de imigrantes recém-chegados-- é de 12 bilhões de coroas suecas, equivalentes hoje a R$ 4,3 bilhões.


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