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Papa afasta d. Odilo de banco do Vaticano

Arcebispo de SP e mais 3 cardeais são substituídos em comissão que supervisiona instituição financeira da igreja

Comissão fora nomeada por Bento 16; mudança é vista como reforço do objetivo de Francisco de mudar gestão do banco

FABIANO MAISONNAVE DE SÃO PAULO

Em passo importante de suas mudanças no Vaticano, o papa Francisco trocou ontem quatro dos cinco cardeais da comissão que supervisiona o problemático banco do Vaticano. Entre os substituídos está o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer.

O cardeal brasileiro e os demais quatro integrantes da comissão haviam sido nomeados por Bento 16 em fevereiro --cinco dias após ter anunciado a sua renúncia. O mandato era de cinco anos.

Nos corredores do Vaticano, a saída dos quatro foi vista como um reforço do desejo de Francisco de demarcar o início de uma nova administração no banco, cujo nome oficial é Instituto para as Obras de Religião (IOR).

Dom Odilo, nesse sentido, era visto como representante da gestão anterior. No conclave que escolheu Francisco, em março, o brasileiro fez veemente discurso em defesa da gestão recente do IOR.

Na época, vaticanistas avaliaram que essa posição acabou com as suas chances de ser eleito papa, por ser demasiado próximo à criticada Cúria de Bento 16.

Por outro lado, também ontem, o papa ratificou dom Odilo como um dos sete membros da Pontifícia Comissão para a América Latina, num sinal de que inexiste punição específica ao brasileiro.

Procurado pela Folha ontem, dom Odilo não foi localizado. Sua assessoria informou que ele está em viagem.

Dos antigos membros nomeados por Bento 16, ficou apenas o cardeal francês Jean-Louis Tauran. Já os novos nomeados incluem o espanhol Santos Abril Castello, amigo de Francisco.

Os outros integrantes nomeados ontem são o italiano Pietro Parolin --secretário de Estado do Vaticano, "número dois" na hierarquia da Santa Sé--, o austríaco Christoph Schönborn e o canadense Thomas Collins.

PRIORITÁRIO

O banco tem sido uma das prioridades de Francisco. Antes da reformulação anunciada ontem, ele já havia criado, em junho, uma comissão paralela de alto nível para investigar e reforma o IOR.

Essa comissão responde apenas a Francisco. É composta por quatro religiosos e uma professora de direito de Harvard, Mary Ann Glendon.

Em novembro, Francisco nomeou seu secretário pessoal, o maltês Alfred Xuereb, supervisor das atividades do banco, responsável por informá-lo dos trabalhos no IOR.

O papa também escolheu recentemente o industrial alemão Ernst von Freyberg como o primeiro presidente não italiano do banco. A sua principal missão é adequar a administração interna às normas internacionais.

Desde o início do seu papado, em março, Francisco deixou claro que tentaria uma reformulação completa do IOR, criado em 1942.

"Alguns acham melhor que seja um banco, outros que seja um fundo, uma instituição de ajuda. Não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão se empenhando nisso", disse em julho.

Sob Bento 16, a instituição teve de lidar com escândalos de lavagem de dinheiro e corrupção, tornando-se um dos principais focos de desgaste.

Em julho, um ex-contador que trabalhava sob Bento 16 foi preso após investigação que identificou o desvio de US$ 26 milhões em espécie.


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