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No Equador, repórter reclama de perseguição

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

Na noite de 26 de dezembro, o jornalista Fernando Villavicencio, sua mulher, Varónica Sarauz, e os dois filhos pequenos do casal estavam na casa da família em Quito.

"Por volta das 23h, dez homens encapuzados e armados forçaram a entrada. Ficaram três horas ali e levaram meu computador", conta Villavicencio à Folha.

O grupo, composto por PMs e funcionários da Presidência do Equador, levava ordem do juiz Jorge Blum que permitia a busca na casa do jornalista para investigar acusações de espionagem e hackeamento de e-mails do presidente Rafael Correa.

"Obviamente a razão não era essa, e sim o fato de eu ter trazido à tona o envolvimento ilícito de empresários aliados ao governo na intermediação da venda de petróleo equatoriano à China", resume Villavicencio, que publica seus artigos na revista "Vanguardia" e também atua como assessor legislativo de um deputado da oposição.

No Equador, assim como na Venezuela, Correa tem promovido uma escalada de ações para silenciar a imprensa opositora desde o início de seu governo, há sete anos.

Dias depois do ocorrido, Villavicencio viajou aos EUA para denunciar o fato. Nesse meio tempo, a Justiça reavivou um processo no qual o jornalista era réu por causa de artigos desfavoráveis a Correa. Foi condenado a 18 meses de cadeia por injúria.

"Agora estou aqui, sem poder voltar ao Equador, preocupado com minha família", diz Villavicencio, que cogita pedir asilo político nos EUA.

Em outro avanço sobre a mídia opositora, o próprio Correa iniciou campanha por Twitter e meios oficiais contra os jornalistas Martha Roldós e Juan Carlos Calderón. Ambos haviam obtido fundos para abrir uma agência de notícias por meio do NED (National Endowment for Democracy), organização americana sem fins lucrativos.

Correa disse ao jornal governista "El Telégrafo" que os jornalistas haviam feito um pacto com a CIA e a extrema direita americana. "Foi um linchamento midiático", diz Calderón, também ele condenado em outro processo por Correa, por ser coautor do livro "El Gran Hermano", em que acusava o presidente e seu irmão de corrupção.

"É um novo momento de ataque à mídia. Já não há mais jornais independentes nem canais de TV livres. Correa está perseguindo os jornalistas opositores pessoalmente, um a um", diz Emilio Palacio, ex-editorialista do "El Universal", de Guayaquil, também condenado por injúria por um editorial. Palacio pediu asilo aos EUA e vive hoje com a mulher e os filhos em Miami.


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