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Análise

Ator mudava de personagem com um olhar, um trejeito

RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Philip Seymour Hoffman era um ator que gostava de enfrentar a dor. Talvez seu vício em heroína, que parecia ter ficado para trás até o ano passado, o tenha levado a procurar uma espécie de "dramaterapia" em personagens marcantes.

É o caso do sensível enfermeiro que cuida de um paciente em estado terminal em "Magnólia" (1999), de Paul Thomas Anderson, com quem trabalhou cinco vezes.

Com um porte físico distante dos padrões de beleza de Hollywood, Hoffman mudava de personagem com um olhar, um trejeito. Só assim para fazer filmes que o jogavam na indústria pornô ("Boogie Nights") ou o obrigavam a vestir a batina ("Dúvida"), pelo qual foi indicado ao Oscar em 2009.

A Academia o indicou mais três vezes e acabou premiando-o logo na primeira delas pelo papel de Truman Capote em "Capote" (2005), no qual Hoffman transforma uma figura antipática numa bomba emocional.

Sua última indicação foi em 2013, pelo papel coadjuvante em "O Mestre", em que ironicamente, tenta livrar o personagem de Joaquin Phoenix do vício em álcool.

Coincidência mais impressionante talvez seja a de "Quase Famosos" (2000), no qual é Lester Bangs, crítico de música que morreu de overdose acidental em 1982.

Hoffman filmava agora a segunda parte de "Jogos Vorazes: A Esperança" (ele poderá ser visto neste ano no primeiro capítulo da trama, mas já havia terminado "O Homem Mais Procurado", sobre terrorismo).

Era difícil entrevistá-lo. Não gostava de falar sobre subtextos de seus longas e muito menos em inspirações. Se irritava ao tentar explicar seus métodos ou o dos colegas. Mas não reclamava em pegar o avião de Nova York dois dias depois de chegar em casa para retornar a Veneza, onde, em 2012, recebeu o prêmio de melhor ator ao lado de Phoenix por "O Mestre".

Na ocasião, em um dos poucos momentos em que se abriu sobre religião, disse à Folha: "As pessoas estão procurando alento o tempo todo, seja por causa de um trauma ou de uma dor. As pessoas são suscetíveis, faz parte do ser humano".


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