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Síria entregou só 11% das armas químicas
Funcionários de entidade responsável pela destruição do arsenal do país temem que prazo não seja cumprido
Todas as 1.300 toneladas do estoque declarado já deveriam ter cruzado a fronteira para serem eliminadas
O regime sírio abriu mão até agora de apenas 11% de seu estoque de armas químicas, o que indica que a o prazo para a destruição total do arsenal, que vence em 30 de junho, não deve ser cumprido. A informação foi divulgada ontem pela agência de notícias Reuters.
Pelo acordo firmado no ano passado com a Rússia e os EUA, a Síria deveria já ter entregado as 1.300 toneladas de seu estoque químico declarado para a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), órgão que supervisiona a operação juntamente com a ONU.
Até agora, no entanto, pouco mais de 140 toneladas deixaram o país, em três carregamentos. Segundo três fontes da Opaq ouvidas pela Reuters, esse total inclui apenas cerca de 5% do material mais tóxico, considerado prioritário.
Apesar disso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a chefe da missão conjunta da ONU e da Opaq, Sigrid Kaag, recentemente manifestaram confiança de que o prazo será cumprido.
O acordo para a destruição do arsenal químico da Síria foi fechado em 2013, com mediação da Rússia, depois de os EUA terem ameaçado intervir militarmente na guerra civil no país.
A ameaça ocorreu devido a evidências de que o regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, usou esse tipo de armamento contra a população de seu próprio país.
Desde 2011, Assad enfrenta insurgentes que tentam tirá-lo do poder, num confronto que já deixou mais de 130 mil mortos.
Ontem, o vice-chanceler russo, Gennadi Gatilov, afirmou em Genebra que seu país está comprometido com as negociações de paz que ocorrem na cidade suíça, mas que não vai discutir a criação de um governo de transição na Síria até que seus oponentes aceitem lutar contra o "terrorismo" --termo usado por Assad para se referir aos rebeldes.
A Rússia é o mais importante aliado de Damasco.
"Eu não diria que as negociações chegaram a um impasse --elas ainda nem começaram", afirmou Gatilov. "Infelizmente, os lados ainda não entraram em acordo sobre uma agenda [comum]".
Ainda ontem, a ONU reportou a fuga de milhares de pessoas da cidade de Yabroud, no oeste do país, após ataques aéreos do regime.
A cidade, na mão de rebeldes, é parte da rota que liga Damasco ao litoral sírio, considerada estratégica.