Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Caracas tem dia tenso à espera de marcha

Líder opositor procurado pela Justiça e governistas prometem se manifestar hoje nas ruas da capital da Venezuela

Presidente Nicolás Maduro expulsa três diplomatas dos EUA, acusados de se envolver nas manifestações

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Quarteirões e avenidas cercados, motos com duplas de policiais armados e protegidos por escudos antibalas. Pelas vias, estudantes caminhavam em pequenos grupos, usando camisetas brancas e levando bandeiras da Venezuela. O trânsito no resto da cidade, caótico, como numa segunda-feira normal em Caracas.

"Amanhã [hoje] vai ser um dia decisivo, o governo terá as provas de que não fomos os artífices da confusão e da tragédia", disse Rosana Mendizábal, 19, moradora do município de Chacao.

A estudante se refere ao conjunto de documentos e evidências que o dirigente opositor Leopoldo López, do partido Vontade Popular, promete levar hoje até o Ministério do Interior, comandando uma passeata.

López é acusado pelo presidente Nicolás Maduro de incitar os atos que levaram à morte de três pessoas (e mais de 20 feridos), na semana passada, na série de manifestações de que tem sido palco a capital venezuelana.

Há uma ordem de prisão para López, que o governo acusa de "fascista". Maduro afirmou que, se realmente der as caras diante da manifestação, o opositor será preso diante de todas as câmeras.

Ontem, agentes do governo invadiram, sem autorização judicial, a sede do Vontade Popular em Altamira. O partido se manifestou por meio de sua conta no Twitter.

A posição confrontadora de López contrasta com a de outro líder da oposição, Henrique Capriles, que disse ontem que foi um erro "criar a falsa expectativa" de que as marchas podem derrubar Maduro. Há aí, também, uma disputa de poder entre os principais opositores.

Se a convocação da oposição ganha força no boca a boca, com ares de provocação nas redes sociais, o governo contra-ataca, convocando os "trabalhadores" a prestarem solidariedade. A mensagem é a de que saiam às ruas pacificamente, a partir das 10h (11h30 de Brasília).

A chuva fina ontem em Caracas dispersava alguns grupos de opositores.

"Se o governo atuar com a mesma brutalidade com que atuou na semana passada, não tenho dúvidas de que haverá violência", diz à Folha Luis Vicente León, diretor do Instituto Datanálisis. Os protestos, motivados pela crise econômica e pela falta de segurança, já entraram em sua segunda semana. "A sociedade vive um momento inédito de polarização", afirma.

DIPLOMATAS DOS EUA

Ontem à tarde, Maduro oficializou a expulsão do país de três diplomatas norte-americanos, que estariam envolvidos nos episódios de violência, "infiltrados entre os estudantes". Maduro disse que os três vinham sendo observados havia algum tempo. O chanceler, Elías Jaua, deu 48 horas para os americanos deixarem o país.

Em nota, o Departamento de Estado dos EUA disse que as alegações "são falsas e sem fundamento". Informou, ainda, que não recebera notificação formal da decisão.

"Maduro quer forçar essa ideia de que queremos um golpe de Estado. Só queremos mais segurança, Caracas está cada vez mais perigosa", diz Ignacio Ortega, comerciante, que seguia um dos grupos de estudantes.

Nos últimos meses, a economia venezuelana deteriorou-se muito; a inflação chegou a 56%, e faltam alimentos nos supermercados.

Enquanto isso, os países do Mercosul emitiram ontem uma nota respaldando Maduro e condenando "os atos recentes de violência", além das "tentativas de desestabilizar a ordem democrática".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página