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Líder da oposição se entrega na Venezuela

Acusado de incitar violência em marchas, Leopoldo López deve saber hoje se fica preso ou aguarda sentença em liberdade

Lista de acusações contra López incluiria até terrorismo; atos de opositores e chavistas paralisam Caracas

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Em um dia marcado por atos contra e a favor do governo do presidente Nicolás Maduro, o líder opositor venezuelano Leopoldo López se entregou ontem à Guarda Nacional após comandar uma manifestação no município de Chacao, na área metropolitana da capital, Caracas.

De punho erguido, vestido de branco, López agarrou-se à estátua do revolucionário cubano José Martí e declarou que se entregava a "uma Justiça injusta e corrupta". "Se meu encarceramento vale para o despertar do povo (...), para que possamos construir a mudança em paz e democracia (...), então valerá a pena."

Seus apoiadores tentaram impedir que ele entrasse num furgão da Guarda. "Leopoldo, o povo está com você", gritavam.

López estava foragido da Justiça desde a última quinta-feira, quando foi emitida uma ordem de prisão contra ele, sob a acusação de incitar a violência nas marchas opositoras que agitam o país há vários dias e já deixaram um saldo de cinco mortes.

Segundo o presidente, havia um plano da "ultradireita de Miami e da Venezuela" para matar López e criar uma crise política.

Ante a suposta ameaça, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, foi incumbido de pegar seu próprio carro e levar López a "uma prisão fora de Caracas", de acordo com Maduro.

Segundo informação do jornal "El Universal", um tribunal de Caracas determinou que López passasse a noite de ontem no Centro Nacional de Processados Militares de Ramo Verde, nos arredores de Caracas --uma prisão que, apesar do nome, também abriga civis.

De lá, López deve sair hoje para acompanhar a audiência na qual será decidido se ele permanece preso preventivamente ou se aguarda sentença em liberdade.

Ainda segundo o "El Universal", López será processado por homicídio doloso, terrorismo, lesão grave, incêndio de prédio público, delito de intimidação pública e instigação à delinquência.

ATOS

Ontem, manifestações de opositores e de governistas pararam Caracas. Comércio, bancos e várias escolas da região central fecharam. O trânsito ficou travado nos principais acessos à cidade.

Pouco antes das 10h (11h30 em Brasília), horário em que López convocara os antichavistas a se reunir na praça Bríon, um imenso cordão humano isolava os acessos ao local. Era formado por três filas de policiais. Atrás deles, blocos de soldados, portando escudos antibalas e escoltados por tanques.

Sem números oficiais, estima-se que dezenas de milhares de pessoas foram protestar contra o governo.

"Vocês não percebem que esse governo está prejudicando a todos? Vocês são venezuelanos, não podem atacar outros venezuelanos", disse o ativista Rubem Piñeyro aos jovens uniformizados.

Um rapaz vestido de anjo segurava a bandeira da Venezuela e um cartaz com a palavra "paz". "Não vou sair daqui até que haja um reconhecimento de nossas reivindicações", disse.

A maioria das pessoas vestia branco e carregava bandeiras da Venezuela. Gritava-se: "Maduro, covarde, assassino de estudantes" e "É preciso estudar. Quem não estuda fica igual a Nicolás".

A dois quilômetros dali, na praça Venezuela, reuniam-se os chavistas. Segundo dados da polícia, havia mais de 40 mil pessoas.

Vestindo camisetas e bonés vermelhos, e liderados pelos sindicatos dos petroleiros, marcharam até o Palácio de Miraflores, sede do Executivo. Os apoiadores de Maduro gritavam "Fora CNN" e "Chávez vive, a luta continua" e carregavam bandeiras que diziam: "Pelo fim do fascismo na Venezuela". No fim do dia, Maduro disse que a paz voltaria e se venceria "o fascismo que pôs em tensão a sociedade".

O governo atribuiu as três primeiras mortes nos protestos à oposição, mas vídeos divulgados pelo "Últimas Noticias" sugerem que os disparos partiram de agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional). Maduro exonerou ontem o chefe do Sebin, por seus subordinados terem descumprido a ordem de não se infiltrar nas manifestações.

EUA

Anteontem, Maduro anunciou a expulsão de três diplomatas americanos, acusados de envolvimento nos atos. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, a tentativa de culpar Washington "reflete a falta de seriedade (...) para lidar com uma grave situação".


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