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Análise Diplomacia

Expectativas para cúpula Brasil-UE são baixas

Encontro será realizado hoje em meio a dificuldades sobre acordo de livre-comércio, mas há áreas para avanços

ELENA LAZAROU DANIEL EDLER ESPECIAL PARA A FOLHA

Após uma semana de dúvidas sobre a visita da presidente Dilma Rousseff a Bruxelas, o governo federal confirmou a realização da 7ª Cúpula Brasil-União Europeia, hoje.

A reunião insere-se no contexto da parceria estratégica assinada em 2007, que previa maior colaboração em temas tão distintos quanto segurança internacional e cooperação para o desenvolvimento.

A indecisão do governo, contudo, reflete as baixas expectativas para o encontro.

Após debates frutíferos em 2013, quando os dois lados adotaram posições comuns em questões globais (como a crise no Mali), regionais (a retomada das negociações para o acordo de livre-comércio Mercosul-UE), e bilaterais (a liberalização do mercado de transporte aéreo), as perspectivas são menos ambiciosas.

A cúpula será realizada em meio a críticas ao protecionismo brasileiro e ao status privilegiado da Zona Franca de Manaus. Em resposta, Dilma propôs a renovação por 50 anos da zona franca e negou que o país desrespeite normas da OMC.

Além disso, discórdias com a Argentina dificultam a formulação de proposta única do Mercosul acerca do acordo de livre-comércio com a UE.

A pressão do empresariado mantém as esperanças acesas, mas as dificuldades vistas no recente encontro do Mercosul em Caracas e os inúmeros adiamentos da troca oficial de propostas devem dar um tom negativo aos debates.

Mas é importante lembrar que há avanços a serem celebrados. Brasil e UE assumem posições semelhantes quanto à governança da internet.

Após a revelação da espionagem da NSA (a Agência de Segurança Nacional dos EUA), Dilma fez graves críticas aos americanos e recebeu apoio de líderes europeus, inclusive para a organização de uma conferência sobre o tema em São Paulo.

A construção de um cabo de fibra ótica entre Fortaleza e Lisboa será um passo concreto para a autonomia no fluxo de dados entre as partes.

A parceria estratégica não tem no comércio o seu centro e não deveria ser tratada como tal. O cancelamento da cúpula passaria uma mensagem crítica à UE, mas confirmaria previsões de uma retração na atuação global do país.

O Brasil tem mais chances de resolver desafios políticos e econômicos com uma atitude internacional pró-ativa. A cúpula é um foro privilegiado de negociação que deve ser utilizado para reduzir possíveis queixas, e não ignorado como ferramenta política.


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