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Ucrânia emite ordem de prisão para ex-líder

Gestão interina acusa presidente deposto de 'assassinato em massa de civis'; seu paradeiro era ignorado até ontem

Para premiê russo, 'será difícil trabalhar com quem passeia por Kiev com máscaras pretas e fuzis automáticos'

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A KIEV

Viktor Yanukovich, presidente deposto pelo Parlamento da Ucrânia, é procurado pelo "assassinato em massa de civis", de acordo com nota divulgada ontem pelo novo ministro do Interior, Arsen Avakov. Há uma ordem de prisão contra Yanukovich e membros de seu governo.

Dessa maneira, a Presidência interina de Oleksander Turchinov reforça a estratégia de se afastar da administração anterior, vista como muito próxima da Rússia, o que descontentava a parcela pró-Europa da população.

Turchinov disse aos parlamentares que eles têm até hoje para formar um novo governo de coalizão.

Yanukovich, alvo dos manifestantes da praça da Independência --onde 82 morreram-- é agora piada em pôsteres espalhados por Kiev com os dizeres "procura-se".

O presidente deixou a capital no sábado e, segundo relatos, refugiou-se no leste, onde ainda tem algum apoio da população. Ele se diz vítima de um golpe de Estado.

A formação de um novo governo mais orientado à Europa do que à Rússia gerou a primeira manifestação oficial de desagrado de Moscou.

O premiê, Dmitri Medvedev, questionou a legitimidade da nova administração. Para ele, se for considerado governo "quem passeia por Kiev com máscaras pretas e fuzis automáticos, então com esse governo será muito difícil trabalhar".

Ele se referia às milícias que tomaram o controle de edifícios públicos na capital ucraniana.

As ruas de Kiev, porém, estavam calmas ontem. Moradores de todo o país visitam as ruínas dos embates e rezam pelos mortos. "Vim trazer flores para os nossos heróis", disse à Folha Alexey Kishinsky, 30.

REORGANIZAÇÃO

A força política agora no poder está ligada à ex-premiê Yulia Timoshenko, recém-saída da prisão e que agora deve se tratar de problemas nas costas na Alemanha. É um grupo de centro-direita voltado à integração com a Europa. Dentro do arco opositor, porém, há liberais, ultranacionalistas e até neonazistas.

A estabilidade é essencial neste momento, já que a Ucrânia se aproxima do pagamento de diversas dívidas internacionais. O país diz precisar de ao menos US$ 35 bilhões para os próximos dois anos. Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, viajou ontem até a Ucrânia para discutir medidas de apoio à economia.

As manifestações na Ucrânia foram iniciadas em novembro após Yanukovich reverter o processo de aproximação com a União Europeia, preferindo sua aliada Rússia.

A deposição --inesperada, após um acordo político assinado um dia antes-- veio por voto parlamentar, enquanto legisladores do governista Partido das Regiões renunciavam aos assentos.

Apesar de as reivindicações terem sido cumpridas, incluindo a soltura de Timoshenko, manifestantes permanecem nas ruas, protegidos por barricadas e milícias armadas com pedaços de pau. Os protestos devem seguir até as eleições, previstas para 25 de maio.


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