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Três diplomatas da Venezuela são expulsos dos EUA
Medida é represália à expulsão de três americanos por Caracas; funcionários têm 48 horas para deixar o país
Ex-embaixador no Brasil é indicado para o cargo nos EUA, e Rússia pede que não haja interferência no país
O Departamento de Estado dos EUA anunciou que o país expulsou ontem três diplomatas venezuelanos em resposta à expulsão de três diplomatas americanos da Venezuela em 17 de fevereiro.
O governo deu 48 horas para que Ignacio Luis Cajal Ávalos, Víctor Manuel Pisani Azpurua e Marcos José García Figueredo, funcionários da embaixada em Washington, abandonem o país.
Segundo o Departamento de Estado, a represália se baseia no artigo 9 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. "[Ele] permite aos EUA declarar qualquer membro de missão diplomática persona non grata a qualquer momento e sem necessidade de apresentar uma razão", disse a chancelaria.
Na semana passada, a Venezuela havia expulsado três funcionários da embaixada em Caracas, acusados de se reunirem com estudantes em universidades privadas para promover a subversão.
EMBAIXADOR
Ontem, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, anunciou que o país indicará Maximilien Arveláiz para ser embaixador nos EUA e reiterou suas críticas ao governo de Barack Obama por sua ingerência em relação aos protestos no país.
Desde 2010, Washington não tem embaixador venezuelano e Caracas não tem embaixador americano.
Arveláiz foi embaixador no Brasil de 2010 ao fim de 2013. Em maio, pouco depois de Nicolás Maduro se eleger presidente, ele escreveu na Folha o artigo "O que quer a oposição na Venezuela", sobre os acontecimentos violentos após a vitória do chavista.
Sobre a indicação do embaixador, Jaua disse tratar-se de "gesto da mais firme vontade de estabelecer relações diplomáticas de entendimento franco, sincero e honesto".
Antes da indicação de Arveláiz, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki, havia pedido ao governo de Maduro que fosse mais sério quando afirma querer dialogar com os EUA.
Segundo o presidente, nomear um embaixador visa restaurar "a capacidade de diálogo com a sociedade americana para que saiba a verdade da Venezuela, porque acreditam que de verdade estamos nos matando (...) e estão pedindo intervenção militar dos EUA na Venezuela".
Ontem, em evento com participação de estudantes e funcionários da estatal de comunicações Cantv, Maduro culpou os protestos pela escassez de alimentos no país.
PRÓ E CONTRA MADURO
A chancelaria russa instou outros países a não interferirem em assuntos da Venezuela e a respeitarem a Constituição do país e o presidente democraticamente eleito.
Em julho passado, Maduro renovou a aliança estratégica com a Rússia, forjada durante mais de uma década por Hugo Chávez (1954-2013).
A Coalizão de Organizações pelos Direitos Humanos nas Américas, que reúne 52 ONGs de 16 países, condenou os casos de violência no país.
Em nota, o grupo adverte que "o uso de força letal e de armas de fogo por parte de funcionários do governo deve ser excepcional e estar limitado pelos princípios de proporcionalidade, necessidade e humanidade".
A defesa do oposicionista Leopoldo López, detido sob acusação de incitar a violência, apelou contra a sua prisão preventiva. Para seus advogados, a decisão não tem base legal, pois não há risco de fuga, já que o acusado sempre se apresentou nos 22 processos a que responde.