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Intervenção será 'último recurso', diz Putin

Presidente russo nega ter enviado tropas para a região da Crimeia, na Ucrânia, mas diz que a 'possibilidade existe'

Obama afirma que Putin 'não engana' ninguém e que os fatos indicam violação de leis internacionais

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL À CRIMEIA (UCRÂNIA)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ontem não ver razão para intervir militarmente na Ucrânia no momento, mas deixou essa possibilidade aberta ao dizer que usará "todos os meios à disposição" para garantir a "proteção" de cidadãos russos que vivem na península ucraniana da Crimeia.

"No que se refere ao envio de tropas, isso não é necessário no momento, mas a possibilidade existe", afirmou Putin, ressaltando que isso seria um "último recurso" contra o novo governo ucraniano, a quem acusa de depor ilegalmente o ex-presidente Viktor Yanukovich, aliado próximo de Moscou.

Putin ainda disse não ter a intenção de anexar a Crimeia e que, caso se decida por uma intervenção militar, seria uma "missão humanitária".

Ele acrescentou que os soldados não identificados que circulam pela região desde a semana passada não são tropas russas, mas possíveis "forças de autodefesa" pró-Rússia. E acusou o Ocidente de apoiar um golpe de Estado.

"Às vezes tenho a impressão de que, em algum lugar na América, uma equipe está conduzindo experimentos, como em ratos, sem entender as consequências de seus atos", afirmou.

As declarações, as primeiras de Putin desde o início da escalada militar na região, tiveram reação rápida dos EUA.

Em visita a Kiev, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que o russo está "trabalhando duro para criar pretextos para ampliar sua invasão na Ucrânia" -afinal, diz, a população da Crimeia, de origem majoritariamente russa, não corre risco sob o novo governo ucraniano.

O presidente Barack Obama afirmou que "Putin pode falar o que quiser", mas que os fatos indicam violação de leis internacionais.

O americano ainda disse que "Putin não está enganando ninguém" e que a conduta russa "não se baseia numa preocupação com cidadãos russos ou falantes de russos", mas se trata de uma tentativa de "exercer influência à força num país vizinho".

Ontem, após a fala de Putin, a Folha encontrou soldados pró-Rússia nas ruas de Simferopol, na Crimeia.

Dois caminhões, com ao menos seis homens encapuzados, controlavam uma rua movimentada. Apesar disso, a situação estava tranquila.

Já em Belbek, perto de Sebastopol, o cenário era mais tenso. Soldados russos que haviam tomado o controle de uma base aérea afastaram com tiros para o alto cerca de 300 homens das forças ucranianas que marchavam até o local em protesto.

Um canal de televisão exibiu as imagens, as primeiras de disparos desde o início da crise. Após os tiros, líderes dos dois lados conversaram, e o episódio terminou sem feridos. "Para satisfazer os políticos, estamos agora um povo contra o outro. Isso não é certo", disse o ucraniano.

Em meio à tensão, a Rússia também fez um teste de míssil balístico de longo alcance. Os EUA, porém, disseram que o teste havia sido comunicado antes e não tinha relação com a tensão na região.

Putin ainda ordenou que soldados que participavam de exercícios militares perto da fronteira com a Ucrânia retornassem para suas bases.

Ele também ironizou as possíveis sanções contra a Rússia. Países do G7 ameaçam não participar dos preparativos da reunião do G8 em Sochi. "A Rússia está se preparando para receber seus colegas, mas, se não quiserem vir, que não venham", disse.


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