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Crimeia fará referendo para se unir à Rússia

Consulta popular será dia 16; Parlamento local aprova resolução para região da Ucrânia se tornar território russo

Obama diz que medida viola Constituição da Ucrânia; por telefone, ele pediu a Putin para aceitar via diplomática

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL À CRIMEIA (UCRÂNIA)

O Parlamento da Crimeia aprovou ontem uma proposta para fazer parte da Rússia e convocou um referendo para a população ratificar ou não a decisão.

Como a maioria local é de origem russa, espera-se que a votação, marcada para o dia 16 deste mês, confirme a anexação da península.

Um pedido oficial já foi feito a Moscou para que aceite o território. A expectativa na Crimeia é que o governo russo diga "sim" até o começo da próxima semana.

A manobra política dos membros do Parlamento foi feita a portas fechadas em Simferopol, capital da Crimeia, que oficialmente pertence à Ucrânia.

Do lado de fora, militantes locais pró-Moscou celebraram aos gritos de "Rússia, Rússia".

Os Estados Unidos e países do bloco europeu atacaram o referendo, que tem tudo para beneficiar o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

"[Se realizado], o referendo violaria a Constituição ucraniana e a lei internacional", afirmou o presidente americano, Barack Obama. "Qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia deve incluir o legítimo governo do país."

Mais tarde, a Casa Branca informou que ele e Putin conversaram ao telefone por cerca de uma hora. Obama pediu ao líder russo que aceite uma via diplomática para a crise, com recuo de tropas da Crimeia e aceitação de diálogo direto com a Ucrânia -o que Moscou tem rejeitado.

Apoiado por potências ocidentais na derrubada do ex-presidente Viktor Yanukovich, o novo governo ucraniano também condenou a consulta pública na Crimeia.

Além da resposta política ao referendo, a União Europeia congelou os ativos de 18 funcionários ucranianos que teriam ajudado Yanukovich a desviar verbas públicas, incluindo o próprio.

Os EUA baniram vistos de funcionários do governo ligados ao presidente deposto e dos que "trabalham para minar a integridade territorial da Ucrânia".

STATUS POLÍTICO

Embora ligada oficialmente a Kiev, a Crimeia é uma república autônoma com Parlamento próprio. Políticos pró-Rússia tomaram o poder da região e instalaram um governo provisório em protesto contra a derrubada de Yanukovich, aliado de Putin.

Logo em seguida, tropas pró-Rússia começaram a circular pela península, tomando bases em Simferopol e na cidade de Sebaspotol, onde fica a frota naval russa para o mar Negro.

A decisão de ontem do Parlamento ajuda Vladimir Putin a legitimar a ação de suas tropas na península e ocorre dias depois de o dirigente russo afirmar que a população local tem o direito de decidir o seu futuro.

Destaca-se também discurso adotado ontem pelos líderes locais, entre eles o vice-primeiro-ministro da Crimeia, Rustam Temirgaliev, já mencionando a região como território russo.

"A partir de hoje, como a Crimeia é parte da Federação Russa, as tropas aqui são russas, e qualquer tropa de outro país será considerada grupo armado", disse.

Com uma eventual anexação, empresas ucranianas poderiam ser nacionalizadas na Crimeia, e a moeda passaria a ser o rublo russo, entre outras coisas.

A Crimeia passou a fazer parte da Ucrânia em 1954, quando ambas eram parte da União Soviética. A região continuou assim após a independência ucraniana, em 1991. Entretanto, por ter maioria russa -ao menos 60% da população-, a Crimeia sempre foi próxima a Moscou.


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