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Prefeito e cervejaria boicotam parada em NY após veto a manifestações gays
ISABEL FLECK DE NOVA YORKA tradicional parada irlandesa de St. Patrick em Nova York teve ontem duas grandes ausências: o novo prefeito, Bill de Blasio, e a cervejaria Guinness, que sempre é uma das principais patrocinadoras do evento.
O boicote foi em resposta à decisão dos organizadores de impedir qualquer manifestação gay ""com cartazes ou faixas, por exemplo-- durante o desfile na 5ª Avenida. Blasio recebeu o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, numa cerimônia pela manhã, na residência oficial.
Foi a primeira vez que um prefeito de Nova York não participou da parada. Em Boston, o prefeito Marty Walsh também boicotou o evento, pelo mesmo motivo.
Em Manhattan, contudo, grande parte do público nem sequer havia notado a ausência de Blasio.
"Ele não veio? Não sabia", disse a estudante Megan Zacherman, 19. Ela afirmou "não ver problema" na proibição de manifestações gays da parada.
A opinião é compartilhada pelas turistas irlandesas Michelle O'Dresco, 27, e Tanis Murphey, 30. "Não acho que isso seja um grande problema. Eles deveriam ter a sua própria parada", afirmou O'Dresco.
A ausência da irlandesa Guinness --e de outras cervejarias, como a holandesa Heineken-- foi mais sentida que a do prefeito.
"Tínhamos a esperança de que a política de exclusão seria revertida. Como não foi, a Guinness cancelou a sua participação", disse a cervejaria, em nota.
O presidente da Liga Católica, Bill Donohue, um dos organizadores da festa, disse que nenhum gay foi "barrado". "Eles simplesmente não podem marchar com faixas", justificou. "A parada tem um motivo: homenagear St. Patrick. Aqueles que discordam não precisam marchar: isso é diversidade."
A decisão gerou reações de políticos e personalidades. "Onde isso vai parar? A Guinness abandonou uma parada após sofrer bullying de organizações gays", disse o magnata da mídia Rupert Murdoch. "Que os irlandeses também boicotem sua cerveja."
Algumas organizações de defesa dos homossexuais convocaram a comunidade gay para protestar no evento. Um pequeno grupo de manifestantes levou faixas com dizeres como "Boicotem a homofobia" e "A intolerância não deve ser celebrada".