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Foco

Tour percorre locais que eram da rotina do papa em Buenos Aires

Turistas visitam igrejas, colégios e até banca onde Francisco costumava comprar jornal

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Na esquina das ruas José Bonifácio e Membrillar, no bairro de Flores, em Buenos Aires, o ônibus tenta virar à esquerda uma, duas, três vezes. Os carros estacionados nos dois lados de uma das vias impedem a manobra.

Quando o motorista já se prepara para mudar a rota, a guia Soraya Chara pede: "Vamos ver se Francisco ajuda o Christian a virar."

Se era algo ensaiado, funcionou. Na quarta tentativa, após ouvir o nome do papa, Christian consegue manobrar o ônibus, que tem suas laterais decoradas com a imagem do pontífice, na rua onde Francisco morou a maior parte de sua vida.

Os passageiros aplaudem. São argentinos, brasileiros e americanos que embarcaram na excursão "Circuito Papal" para conhecer um pouco mais sobre a vida de Jorge Mario Bergoglio.

O tour, gratuito, é promovido há dez meses pela Secretaria de Turismo da cidade e já foi feito por 3.500 pessoas.

Nos fins de semana, é realizado de ônibus, com duração de mais de três horas, e, às terças e quintas, é feito a pé durante 1h30.

O circuito começa na na porta da Basílica de São José de Flores. Ali, diz a guia, o papa teve seu "primeiro chamado de Deus", aos 17 anos, depois de se confessar. "Foi nesse momento que ele decidiu ser padre", diz Soraya.

Depois, o ônibus percorre, entre outros lugares, as escolas onde estudou, o seminário que frequentou e a penitenciária onde costumava rezar missas e visitar os presos.

Os passageiros que não falam espanhol têm dificuldade para acompanhar as histórias, já que é o único idioma falado pelos guias.

"Não estou entendendo quase nada", diz à Folha a arquiteta Gisele Rauta, 35, de Vila Velha (ES). "Mas estou feliz de ver os lugares que Francisco frequentou. Depois de dizer que era argentino, mas que Deus era brasileiro, ele me ganhou [risos]."

Durante as 3h de excursão é feita uma só parada: na Igreja São José de Talar. No local, há um santuário da Nossa Senhora Desatadora dos Nós.

Foi Francisco quem trouxe a Buenos Aires o primeiro quadro com a figura da virgem, depois de conhecer sua história na Alemanha.

Às 18h, o motorista estaciona o ônibus na praça de Maio, e os passageiros desembarcam. O guia Daniel Vega aponta para um prédio pequeno, vizinho à Catedral de Buenos Aires: a sede do arcebispado.

Era ali, conta Vega, que o então cardeal argentino viveu até ser chamado para o conclave no Vaticano que mudaria sua vida.

De lá, o passeio continua pela barbearia e a livraria que Francisco frequentava, e termina na banca que entregava os jornais para ele todos os dias.

O guia conta que, antes de viajar para o conclave, o jornaleiro Daniel Del Regno falou para o futuro papa: "Vai segurar o bastão [passado por Bento 16]?". E ele teria respondido: "Essa é uma batata quente. Nos vemos em 20 dias". Alguns dias depois de ter sido eleito, Francisco telefonou para a banca. Queria cancelar a entrega dos jornais e se despedir, já que não voltaria para casa.


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