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Maduro e oposicionistas anunciam diálogo
Vice-presidente venezuelano reúne-se com opositores, mas encontro é criticado por deputada federal cassada
Negociações terão a intermediação de chanceleres da Unasul, entre eles o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo
O governo venezuelano e a oposição acertaram ontem o início dos diálogos para pôr fim à crise política que afeta o país há dois meses.
O anúncio foi feito após uma primeira reunião entre o vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, com representantes da Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal coalizão opositora.
Segundo relatos, o presidente Nicolás Maduro esteve na sede da chancelaria do governo, onde acontecia o encontro, mas não participou ativamente das conversas.
A delegação da MUD era liderada pelo secretário-executivo da coalizão, Ramón Guillermo Aveledo. Acompanhavam-no Henri Falcón, governador de Lara, e o dirigente político Omar Barboza.
Uma nova reunião, com a presença de Maduro, pode ocorrer ainda hoje.
O diálogo deverá ser intermediado por três membros da comissão da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que também organizou o evento de ontem, e "muito provavelmente" por um representante do Vaticano, segundo Arreaza.
O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, está entre os participantes, assim como María Ángela Holguín (Colômbia) e Ricardo Patiño (Equador).
Desde o início dos protestos na Venezuela, em fevereiro, 39 pessoas morreram, 600 ficaram feridas e mais de cem foram detidas, inclusive o líder opositor Leopoldo López, dirigente do partido Vontade Popular (VP).
OPOSIÇÃO DIVIDIDA
María Corina Machado, deputada cassada pelo Parlamento venezuelano em decisão sumária e apenas com os votos de governistas, disse ontem pelo Twitter que também se reuniu com representantes da Unasul, mas não aceitou dialogar "para estabilizar a ditadura" na Venezuela.
"Não acreditamos em um diálogo onde o regime faz um show político utilizando os chanceleres da Unasul como interlocutores", disse o VP em comunicado. O partido disse que não participou da reunião de ontem porque suas condições para o encontro, como a libertação imediata de López, não foram cumpridas.
Já o líder da MUD e governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, que foi candidato derrotado por Maduro na eleição presidencial de 2013, disse por meio do Twitter: "Quem disse que o diálogo significa renunciar que nosso povo continue reclamando seus direitos? O povo tem o direito de protestar".
Dentro da oposição venezuelana há diferentes correntes. Uma delas, representada por Machado e López, pede a renúncia de Maduro.
Já a MUD, liderada por Capriles, exige que o Executivo responda aos problemas que o país enfrenta.