Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise - Oriente Médio

Fracasso de processo de paz obriga Washington a mudar

Obama se vê impossibilitado de alinhamento incondicional a israelenses

HUSSEIN ALI KALOUT YURI HAASZ ESPECIAL PARA A FOLHA

O fracasso do plano do secretário de Estado John Kerry acerca das negociações de paz entre palestinos e israelenses levou a mudanças no comportamento político dos atores envolvidos, que logo se evidenciaram no tabuleiro diplomático.

Os sinais de mudança que se esboçam, a partir de Washington, são pontilhados sobre os seguintes paradigmas: a crescente impossibilidade do governo Obama de manter o incondicional alinhamento a Israel; pressões da mídia americana sobre os israelenses; atribuir a responsabilidade sobre o fracasso do processo de paz, em maior proporção, ao governo Netanyahu do que ao lado palestino.

Na visão que vem prevalecendo, a irredutibilidade do governo Netanyahu está reduzindo as margens de manobra dos EUA nas negociações e, consequentemente, ampliando a probabilidade de Obama concluir o mandato sem avanços na mediação.

Netanyahu negocia dividido entre preservar o cargo de premiê, obstruindo as negociações, e cumprir com as normas legais internacionais --o que faria sua aliança partidária se desmanchar.

As precondições impostas por Israel --reconhecimento como Estado judaico, tropas no vale do Jordão por tempo indeterminado e Jerusalém indivisível-- são percebidas como desígnio para atrofiar o processo de negociação e institucionalizar a ocupação.

Para a Autoridade Nacional Palestina, o reconhecimento do caráter judaico do Estado de Israel não poderia anteceder as delimitações definitivas das fronteiras do Estado palestino.

A ausência de clareza sobre qual seria o território de Israel é parte, entre outros aspectos, da relutância palestina. Sub-rogar a Netanyahu a legitimidade de definir a elasticidade das dimensões territoriais e limítrofes de Israel, por conta própria e da perspectiva que quiser, seria interpretado pelos palestinos como uma traição do mais elevado grau.

CENÁRIOS

Um dos possíveis cenários futuros para a região é o da anexação. Políticos radicais da direita israelense, como Naftali Bennett e Avigdor Liberman, alicerces da coalizão de Netanyahu, advogam abertamente pela anexação dos grandes blocos de assentamentos.

Dos acordos de Oslo para a atual conjuntura, a situação palestina está exponencialmente pior, sob qualquer perspectiva. Hoje, se os palestinos conseguirem, terão menos de 20% do que lhes é destinado pelos acordos de paz, sendo essa parcela fragmentada em diversas regiões não contíguas.

Diversas pesquisas nos últimos anos apontam para duas tendências paradoxais. A primeira, do Israel Institute for Democracy e do Dialog Institute, aponta alta em indicadores contra palestinos de grandes parcelas da população israelense.

A outra, da organização B'Tselem, identifica a redução à disposição em renunciar à luta armada.

Os números demonstram que a resistência palestina nunca foi tão passiva e à deriva em 67 anos de história.

Um diagnóstico mais amplo no plano da geopolítica internacional aponta que a margem de manobra de Israel no sistema internacional está se reduzindo.

A proteção diplomática americana, impedindo na ONU punições a Israel, está danificando a capacidade de Washington de liderar temas mais amplos.

E os instrumentos para impedir os palestinos de exercerem seus direitos internacionais exauriram-se.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página