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Observadores são sequestrados na Ucrânia
Grupo pró-Rússia deteve 13 membros de missão que monitora acordo; aviões invadiram espaço ucraniano, dizem EUA
Ativistas alegam que um dos monitores da OSCE detidos é 'espião'; americanos ameaçam punir governo de Putin
Separatistas pró-Rússia sequestraram ontem observadores da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) que viajavam de ônibus perto de Slaviansk, no leste da Ucrânia.
No mesmo dia, o Departamento de Defesa dos EUA disse que aviões militares russos invadiram várias vezes o espaço aéreo ucraniano em 24 horas em regiões próximas à fronteira, elevando ainda mais a tensão em meio a uma crise que já dura dois meses. Os russos não comentaram.
Inicialmente divulgado pelo Ministério do Interior ucraniano, o sequestro depois foi confirmado por separatistas. Segundo a ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, os monitores da OSCE detidos são 13, incluindo três militares do seu país e um tradutor do alemão.
"Precisamos lançar mão de todos os canais diplomáticos para libertá-los", disse ela.
Os ativistas alegaram ter detido os monitores porque haveria um "espião" do governo ucraniano entre eles.
"Pessoas vêm aqui como observadores e trazem um espião no meio delas. Isso não é apropriado", disse o separatista pró-russo Vyacheslav Ponomaryov, autonomeado "prefeito" de Slaviansk, diante de um prédio do serviço secreto ocupado por ativistas.
O governo da Ucrânia acredita que os observadores estejam presos nesse prédio.
Anteontem, autoridades ucranianas haviam anunciado a morte de cinco separatistas em confronto na mesma região de Slaviansk. Em represália, os russos intensificaram exercícios militares na fronteira dos dois países.
Ontem, o premiê da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, acusou a Rússia de querer iniciar a "Terceira Guerra Mundial". O presidente russo, Vladimir Putin, alega não ter ligação com os grupos separatistas.
MAIS SANÇÕES
O envio de monitores da OSCE --organização intergovernamental de gerenciamento de crises, com sede em Viena (Áustria)-- para acompanhar a crise no leste da Ucrânia era um dos pontos do frágil acordo firmado em 17 de abril entre russos e ucranianos, com participação da União Europeia e dos EUA.
Ontem, países como EUA, Alemanha e Reino Unido elevaram o tom contra a Rússia, incluindo ameaças de impor sanções mais pesadas ao governo Putin. Segundo a agência Reuters, essas punições, não reveladas, podem vigorar a partir desta segunda-feira.
"Estamos trabalhando com nossos parceiros internacionais para que [as sanções] sejam efetivas quando aplicadas", afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Jack Lew.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ter falado ao telefone com Putin e cobrado o líder russo por "não fazer o suficiente" na implementação do acordo com a Ucrânia.
O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, acusou o Ocidente de querer controlar a Ucrânia e disse que os EUA "distorcem" os termos do acordo, mas que os russos se dispõem a negociar de modo "imparcial" uma saída para a crise.
O conflito e a fuga de capitais da Rússia fizeram a agência de risco Standard & Poor's rebaixar ontem a nota do país, que passou de BBB a BBB-.