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Itamaraty diz que terrorista pode ter fraudado passaporte
Presença de brasileiros ligados à Al Qaeda foi apontada por presidente do Iêmen
Governo pediu ao país árabe mais detalhes; documento brasileiro do modelo antigo é um dos mais falsificados
Uma das principais hipóteses para a suposta presença de brasileiros em células da Al Qaeda no Iêmen é a de que terroristas tenham usado passaportes adulterados.
O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, disse ontem à tarde que o Itamaraty trabalha com essa possibilidade, como havia sido revelado pela Folha de manhã.
"Nós gostaríamos de entender um pouco mais como o governo do Iêmen identificou esses brasileiros. Não é difícil pensar que um terrorista possa ter um documento que não necessariamente seja dele. Portanto nós temos que ver com bastante cuidado se realmente há brasileiros, para que nós possamos tomar providências", disse.
Anteontem, em cerimônia na capital, Sanaa, o presidente iemenita, Abd Rabbu al-Hadi, mencionou o Brasil entre os países de origem de terroristas mortos por seu governo. Não deu mais detalhes.
O Itamaraty não tem embaixada do Iêmen. Ontem, a missão brasileira na vizinha Arábia Saudita pediu informações ao governo iemenita.
A Folha entrou em contato com a Presidência do Iêmen, que afirmou não haver mais informações a respeito do assunto.
Se, contudo, houver brasileiros mesmo entre os mortos pelo governo iemenita, terá sido uma revelação especialmente preocupante devido à proximidade da Copa do Mundo --eventos esportivos são um dos "soft targets" (alvos fáceis) mais visados por terroristas.
Figueiredo não soube precisar quantos brasileiros há hoje no Iêmen, mas estimou em menos de cem.
O governo brasileiro ainda não tem nenhuma informação concreta sobre o caso, tendo sido pego de surpresa.
Um diplomata deverá ser enviado para averiguar o caso pessoalmente.
"Nosso embaixador [na Arábia Saudita] lá está empenhado na busca dessas informações. O que temos que determinar é se eram realmente brasileiros e, se forem, nós naturalmente vamos entrar em contato com as famílias para ver o que será feito dos restos mortais dessas pessoas", disse Figueiredo.
O passaporte brasileiro do modelo antigo, verde, é conhecido por criminosos internacionais como um dos mais fáceis de falsificar.
Além disso, a tradição pacífica e de não alinhamento automático do Brasil torna seus cidadãos geralmente menos suspeitos em fronteiras sensíveis mundo afora.
O modelo atual, azul e com registros biométricos, é considerado muito mais seguro.