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Putin pede a Kiev que retire tropas do leste
Presidente russo diz à chanceler alemã, Angela Merkel, que saída é chave para encerramento de conflito na Ucrânia
Região é parcialmente controlada por milícias pró-Rússia; porta-voz dos EUA diz que pedido de Putin é 'absurdo'
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ontem em conversa com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que a Ucrânia deveria retirar suas próprias tropas do leste do país para encerrar o conflito na região, que é parcialmente controlada por milícias separatistas pró-Rússia.
A retirada, de acordo com Putin, seria "essencial para deter a violência e lançar um diálogo envolvendo todas as regiões e forças políticas do do país", segundo a agência Interfax. A Ucrânia afirma ter deslocado soldados para a fronteira em resposta à presença militar russa na região.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, chamou o pedido do presidente russo de "absurdo" e disse que, a continuar nesse caminho, a Rússia deverá arcar com uma "escalada dos custos" da crise.
Também ontem, o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, anunciou a reimplantação do alistamento militar obrigatório no país, citando interferência da Rússia e ameaças à integridade territorial ucraniana.
Kiev ordenou ainda a expulsão do país de um adido militar russo, acusado de ter tido acesso a informações secretas sobre a cooperação entre os ucranianos e a Otan (aliança militar ocidental).
Há alguns dias, Turchinov já afirmara que as forças de segurança da Ucrânia perderam o controle da região ao leste do país para separatistas pró-Rússia, que invadiram prédios oficiais em cerca de uma dezena de cidades.
A Rússia tem negado relação com os separatistas ucranianos. O presidente Putin também disse que não mantém tropas na fronteira e nega que Moscou esteja conduzindo as revoltas na região.
O presidente russo fez, entretanto, afirmações semelhantes antes de anexar a região ucraniana da Crimeia. Alguns analistas acusam a Rússia de desestabilizar o leste da Ucrânia via separatistas para conseguir eleger um governo alinhado ao Kremlin.
O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, sugeriu anteontem que um diálogo entre a Ucrânia e "seus oponentes" deveria ser realizado com mediação da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação Europeia).
Diante do risco de uma recessão prolongada e da escalada das tensões com a vizinha Rússia, o FMI afirmou que a Ucrânia pode precisar de uma ampliação de seu pacote de ajuda financeira, já estimado em US$ 17 bilhões.
SEQUESTRO
Também na conversa de ontem, Merkel pediu a Putin que contribua para a libertação de inspetores da OSCE detidos por insurgentes pró-russos no leste da Ucrânia.
Na semana passada, um grupo de ativistas favoráveis à Rússia sequestrou sete observadores da OSCE --incluindo quatro soldados enviados pela Alemanha-- que viajavam de ônibus perto da cidade ucraniana de Slaviansk.