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Marcos Caramuru de Paiva

O jogo dos EUA na Ásia

No tour de Obama, houve algum sucesso em isolar a China; na área econômica, resultados ficaram aquém

A política norte-americana no leste asiático parece perseguir dois objetivos: embaralhar o cenário político e aprofundar os vínculos econômicos. No primeiro, os Estados Unidos estão registrando algum sucesso. No segundo, os resultados ficam aquém das expectativas.

A visita de Barack Obama ao Japão, Coreia do Sul, Malásia e Filipinas mostrou bem essa realidade.

Obama foi à Ásia pela segunda vez em menos de seis meses. Na primeira viagem, em novembro passado, teve que regressar às pressas para resolver a divergência no Congresso sobre o orçamento. Deixou a China brilhar sozinha no cenário da Asean e na Cúpula do Leste Asiático. Agora parece ter procurado dar o troco.

Seu roteiro começou em Tóquio, onde assinou um tratado de cooperação mútua e segurança e deixou uma mensagem clara: se houver enfrentamento militar Japão-China, em função da controvérsia em torno das oito ilhotas Diaoyu-Senkaku, os Estados Unidos estarão do lado japonês. Terminou nas Filipinas, onde assinou outro acordo militar, que dá aos americanos acesso temporário para estacionar aviões e ancorar navios de guerra em bases locais. O acordo tampouco veio sozinho. Obama fez questão de indicar que apoia a proposta filipina de submeter a arbitragem sua controvérsia com a China.

Obama quebrou um jejum de cinco décadas sem que um chefe de Estado americano estivesse em Kuala Lumpur. Mas o fato é que os EUA e a Malásia têm pouco em comum. Os malasianos seguem uma estratégia de associação política com o mundo muçulmano, da qual os americanos nutrem grande desconfiança, e de vinculação econômica com os chineses. O país é o oitavo parceiro comercial da China, o maior no sudeste asiático. A questão é que as relações Malásia-China também envolvem uma controvérsia territorial marítima. Além disso, o ambiente recentemente anda tenso em função do desaparecimento do avião da Malaysia Airlines. Obama buscou capitalizar a insatisfação.

Do ponto de vista econômico, o presidente americano ficou longe de alcançar o resultado programado. Seu grande objetivo, destravar os entendimentos com o Japão para viabilizar o acordo da Parceria Transpacífica (TPP), fracassou. Os japoneses não parecem preparados para abrir o mercado de arroz, carne, frango e porco aos americanos. Aparentemente, tampouco houve avanço no tema automobilístico.

Sem instrumentos comerciais que funcionem, a estratégia americana de contenção da China na Ásia terá limites. Os EUA poderão contribuir para aumentar o clima de tensão regional, é verdade, mas é demais esperar que ele resulte em situações belicosas. Os próprios Estados Unidos teriam pouco a ganhar com isso.

Fica mais difícil para a China conduzir o diálogo com a região diante dos americanos se posicionando e aumentando a sua presença militar na Ásia.

E há sempre o risco de que, com navios trafegando de um lado a outro, alguma coisa fuja do controle. A melhor expectativa chinesa ainda é que o comércio e os investimentos falem mais alto. E que o bom senso geral continue a prevalecer.


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