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Protesto cobra uso 'correto' do véu no Irã
Conservadores fazem manifestação exigindo que mulheres sigam orientações de cobrir adequadamente a cabeça
Eles acusam governo moderado de ser relapso, ao deixar que pescoço e mechas de cabelo fiquem à mostra
Conservadores iranianos protestaram ontem em Teerã para exigir do governo maior repressão contra mulheres que supostamente não usam o véu islâmico obrigatório de forma adequada, segundo relatou a mídia local.
A manifestação, ocorrida diante do Ministério do Interior, é amplamente vista como demonstração de força dos segmentos linha-dura, que têm ramificações em várias esferas do Estado e são contrários às promessas de abertura do presidente Hasan Rowhani.
Segundo a agência estatal Irna, manifestantes acusaram o governo de ser relapso com a imposição do hijab, o véu que se tornou obrigatório nos anos seguintes à Revolução Islâmica de 1979.
De acordo com os conservadores, as unidades da polícia moral deveriam apertar o cerco contra mulheres que usam o véu sem apertá-lo, deixando à mostra pescoço e mechas de cabelos.
A polícia moral tem poder para prender quem não estiver vestido da forma considerada adequada pela lei.
Homens também são submetidos a restrições. O uso de shorts, bermudas e regatas é banido.
Interpretações da lei, porém, variam de acordo com o governo da vez.
"Preservar a castidade pública, respeitar o hijab islâmico e a segurança moral são questões cruciais, que não devem ser esquecidas sob pretexto de sanções econômicas ou mudança de governo. (...) Há gente que ignora completamente o hijab", disseram os manifestantes em um comunicado.
O protesto foi considerado ilegal pelo governador da província de Teerã, Hossein Hashemi, já que os manifestantes, segundo ele, não haviam pedido permissão ao Ministério do Interior.
"Aqueles que querem evitar o vício não deveriam cometer tal violação [da lei]", disse Hashemi à agência de notícias Isna.
O presidente Rowhani foi eleito em junho do ano passado com a promessa de aumentar liberdades políticas e individuais.
Mas o projeto de liberalização esbarra numa frente conservadora que inclui deputados, clérigos e milicianos ligados à Guarda Revolucionária, força militar de elite do regime.
Detentor da palavra final na teocracia iraniana, o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, já manifestou diversas vezes posicionamentos mais próximos dos conservadores que do governo Rowhani.