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EUA fizeram 2.000 ataques virtuais em 2 meses, reage China
Pequim divulga dados de suposta ciberespionagem americana em resposta a indiciamento de 5 chineses
Governo chinês tenta mostrar que é principal vítima de hackers dos EUA, e não o contrário, como diz a Casa Branca
A China rebateu nesta terça-feira (20), na mesma moeda, as acusações dos EUA de espionagem cibernética.
O escritório estatal de informação da internet tentou demonstrar que a China é a maior vítima de ataques a computadores, e que a maioria parte justamente dos EUA.
Segundo o governo chinês, somente de 19 de março a 18 de maio, hackers dos EUA fizeram 2.077 ataques com vírus do tipo cavalo de Troia (em que o programa espião vem escondido em outro arquivo). Essas incursões teriam permitido aos hackers controlar 1,18 milhão de computadores na China.
Com os ataques, afirma o governo, os americanos teriam se infiltrado em redes de computadores de governos, universidades, empresas e sistemas de comunicação.
A divulgação dos dados ocorreu após o Departamento de Justiça dos EUA anunciar a abertura de uma ação criminal contra cinco militares chineses acusados de espionagem industrial e invasão de computadores.
O governo chinês classificou as acusações de "absurdas" e convocou o embaixador dos EUA em Pequim, Max Baucus, para dar explicações. Também decidiu suspender o diálogo com os EUA na comissão bilateral sobre segurança cibernética, criada no ano passado.
Qin Gang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, deixou no ar a ameaça de novas retaliações caso os EUA não retirem o processo contra os militares chineses, sem entrar em detalhes.
O papel de vítima da China se fortaleceu após o escândalo de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), revelado pelo ex-técnico Edward Snowden em 2013.
A imprensa estatal chinesa entrou firme na contraofensiva, com vários artigos que lembravam o caso Snowden como exemplo das práticas de espionagem dos EUA.
Qin An, diretor do Instituto de Estratégia Ciberespacial da China, disse que o indiciamento dos militares é uma tentativa dos EUA de encobrir as críticas que recebeu pelas revelações de Snowden.
"Os EUA têm a mais extensa rede de espionagem do mundo. Espionagem cibernética é sua principal ferramenta. Em vez de refletir sobre seus atos, os EUA acusam outros", disse Qin ao jornal "Global Times".
Para a imprensa estatal, o indiciamento foi um ato simbólico, já que poucos acreditam que eles serão julgados.
De imediato, porém, os cinco ficam impedidos de viajar aos EUA ou a outro país que tenha acordo de extradição com Washington.
As acusações anunciadas na segunda-feira (19) se referem a supostas invasões nos computadores de cinco empresas americanas.