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'Vergonha não é para escritores', diz Roth na sua última aparição

Aos 81, maior escritor americano vivo faz de entrevista à BBC sua despedida da vida pública

Romancista vencedor do Pulitzer por 'Pastoral Americana' já havia anunciado a aposentadoria em 2012

LEANDRO COLON DE LONDRES

"Vergonha não é para os escritores. Você tem de ser sem vergonha". A frase é parte da entrevista concedida pelo escritor americano Philip Roth à rede BBC, que teve trechos exibidos nesta terça (20).

A entrevista foi anunciada como a última aparição pública de Roth, 81, e sua despedida da literatura. Em 2012, o romancista já declarara à revista francesa "Les Inrockuptibles" que iria se aposentar.

Autor de mais de 30 livros, Roth é um dos principais nomes de sua geração.

A rede britânica exibiu a primeira parte da conversa entre o escritor e o jornalista Alan Yentob, que foi realizada nos EUA, para um documentário da produtora "Imagine". O segundo trecho será apresentado no dia 27.

O romancista foi longe ao falar sobre a ousadia necessária para a criação de uma obra de ficção: "Na verdade, você não quer ser indecoroso, mas tem de ser".

Roth, que recebeu o prêmio Pulitzer em 1998 pelo livro "Pastoral Americana", falou das abordagens sobre sexo, infância, judaísmo e do aspecto autobiográfico presente em muitas de suas obras.

"Recebia centenas de cartas todas as semanas, algumas com imagens de mulheres de biquíni. Já tive a oportunidade de arruinar a minha vida", contou o autor de "O Complexo de Portnoy" e da coletânea de contos "Adeus, Columbus" --sua primeira obra, lançada em 1959.

Roth disse que o livro "The Breast" (O Seio), em que um professor se transforma num seio, foi escrito numa época em que ele estava com o "espírito elevado", tendo entre suas inspirações os desenhos de um amigo de Woodstock.

REFÚGIO

Ao comentar o livro vencedor do Pulitzer, o escritor deu detalhes de sua rotina na produção desse e de outros romances que o levam a ser hoje o único autor vivo a ter uma obra completa publicada pela "Library of America".

O primeiro passo, diz, foi se refugiar no Estado de Connecticut, nos Estados Unidos.

"Eu trabalho durante o dia, me exercito, janto, leio e durmo, e não perco o contato com o que estou fazendo", disse. "Fico curioso para ver até onde posso ir como escritor", afirmou.

Segundo ele, o efeito de seu primeiro casamento, com Margareth Martinson, que morreu em 1968 (cinco anos após a separação deles), deixou marcas nas suas páginas, sobretudo em razão das análises às quais teve de recorrer após a perda. "Foi uma situação que liberou uma linguagem à minha literatura."

Ainda que sua aposentadoria da vida pública já tivesse sido anunciada, só agora, no especial que começou a ser transmitido pela BBC, ele resolveu fazer a sua despedida oficial.


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