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Comandante do Exército anuncia golpe na Tailândia
Pronunciamento foi transmitido ao vivo na TV; Constituição foi suspensa
Militares alegam ter tomado poder para controlar crise política; intervenção é a 12ª desde no país 1932
O Exército da Tailândia deu nesta quinta-feira (22) um golpe de Estado, dois dias após declarar lei marcial sob o pretexto de solucionar a crise política após seis meses de protestos antigoverno.
"Em nome da lei e a ordem, assumimos os poderes. Por favor, permaneçam em calma e continuem com seus afazeres diários", disse o comandante do Exército tailandês, Prayuth Chan-ocha.
O anúncio foi transmitido pela TV pouco antes das 17h (7h de Brasília).
Horas antes, as negociações entre partidos políticos e líderes dos manifestantes dos dois lados haviam sido retomadas, sem acordo.
Prayuth não mencionou novas eleições --as de fevereiro foram boicotadas pela oposição e bloqueadas por manifestantes.
O país asiático vive uma onda de protestos desde novembro do ano passado, entre aliados e opositores da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra. No último dia 7, ela foi deposta por uma controversa decisão judicial, sob acusação de abuso de poder, o que alimentou ainda mais as manifestações.
O Exército diz que está intervindo apenas para restabelecer a ordem, mas não revelou por quanto tempo ficará no poder.
Soldados e veículos blindados tomaram o centro da capital, inclusive o setor dos hotéis e de estações de TV.
Os militares também suspenderam a Constituição e declararam toque de recolher em todo o país entre as 22h desta quinta e as 5h desta sexta (horário local). Rádios e canais de TV foram censurados.
As Forças Armadas começaram a desalojar acampamentos dos manifestantes a favor e contra o governo em Bancoc. Protestos no país deixaram 28 mortos.
O golpe foi condenado pela ONU e por diversos outros países. Os EUA estão avaliando sua ajuda militar e outros tipos de cooperação com a Tailândia.
VERMELHOS E AMARELOS
A oposição busca barrar da política a premiê e seu irmão, o ex-premiê Thaksin Shinawatra --alvo de golpe de Estado anterior, em 2006.
Ambos são considerados populistas e líderes de um movimento conhecido como "Camisas Vermelhas", forte entre a população rural do norte e nordeste do país.
Mas são detestados pela elite da capital do país, Bancoc, que, para se diferenciar, usa outra cor como identidade, o amarelo.
Os militares já deram 12 golpes de Estado bem-sucedidos no país (além de outros fracassados), desde o fim da fase absolutista da monarquia, em 1932.