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Israel vive aumento da presença de cristãos no Exército

Minoria da comunidade percebe na instituição uma oportunidade de integração social e ascensão profissional

Em meio a tensões políticas, a comunidade vai assistir neste fim de semana a visita do papa Francisco à Terra Santa

DO ENVIADO ESPECIAL A NAZARÉ (ISRAEL)

Em um país onde o Exército faz parte da experiência comum, com a maior parte da população cumprindo o serviço militar obrigatório, Arin Shaabi, 28, passou seus primeiros anos de soldado com medo de vestir seu uniforme.

Cristã nascida e criada em Nazaré, ela se vestia "como civil" por cima da roupa militar, com medo de ser hostilizada no transporte público. "Para algumas pessoas, um árabe no Exército israelense é alguém que aponta a arma para o próprio povo", afirma.

A comunidade cristã israelense, à qual Shaabi pertence, assiste neste domingo (25) à visita do papa Francisco à Terra Santa.

A viagem, que celebra o 50º aniversário do aperto de mão entre Paulo 6º e o patriarca de Constantinopla, Antenágoras, ocorre em um período de tensões políticas acirradas por causa do recente fracasso das negociações entre israelenses e palestinos.

Francisco, que tem evitado se posicionar sobre a questão, deve se encontrar neste domingo com o líder palestino Mahmoud Abbas. Ele ainda tem na agenda audiência a portas fechadas com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, marcada para segunda (26).

Shaabi vive o conflito de uma pequena --mas crescente-- parte da população cristã israelense que decide, apesar da isenção ao serviço militar, juntar-se ao Exército como via de integração social e ascensão profissional.

Eles são assessorados por organizações sociais, mas enfrentam, também, oposição da maioria árabe, que considera a população cristã como "palestina" e vê seu alinhamento com Israel como uma traição da causa.

"Desenharam uma suástica na casa da minha avó", diz Shaabi. "Já atiraram pedras em mim. Muitos cristãos que eram meus amigos são contra o meu alistamento."

Ela trabalha como investigadora jurídica militar, depois de dois anos de serviço obrigatório e três de treinamento, e não se arrepende de ter desafiado sua comunidade.

"O Exército ajuda na integração das minorias. E hoje sou uma pessoa mais forte."

DESPERTADOR

O conflito é, em parte, de identidade. "Nós, cristãos, somos vistos como uma minoria entre os muçulmanos. Isso é uma aberração social", diz Dina Bashlawi, mãe de Shaabi. "Para as autoridades palestinas, famílias como a nossa são uma ameaça."

Mas são, por enquanto, poucas. O crescente alistamento desses grupos têm sido divulgado pelas partes interessadas como um "despertar cristão", mas os números são mais tímidos do que os apelidos grandiosos.

De acordo com a ONG responsável por incentivar a presença desses jovens no Exército, 157 cristãos se alistaram desde maio de 2013 até fevereiro deste ano. É um salto, considerando a média anterior de 35 ao ano, mas um saldo ainda pouco expressivo diante dos cerca de 161 mil cristãos vivendo em Israel.

CAMPANHA

"Há uma campanha israelense", afirma à Folha Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina. "Cristãos palestinos são historicamente parte do movimento nacional."

Entre a minoria que tem buscado o Exército, porém, a associação entre "cristão" e "palestino" não está evidente. "Não ligo para os palestinos", diz Shadi Khalul, porta-voz da ONG Cristãos no Exército para Todos.

"Nós somos israelenses e temos raízes nesta terra. Por que não deveríamos defender este país?", pergunta. "Os palestinos sequestram' os cristãos para a sua causa."


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