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Políticos argentinos apostam em grupos de militantes jovens

Movimentos são um misto de 'claque' de candidatos com missão que ouve os pedidos e reclamações dos eleitores

Inspiração é grupo La Cámpora, que apoia a presidente; candidato que lidera as pesquisas reúne 5.000 militantes

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Grupos de militantes jovens sem filiação oficial a partidos, mas que apoiam um pré-candidato, são a nova aposta dos interessados em ocupar a Presidência da Argentina no ano que vem.

Essa militância cultua fortemente as personalidades dos políticos e tem estratégia de difusão no dia a dia, feita em situações cotidianas, em bairros e grêmios estudantis.

Movimentos novos, como a Conapo (Corrente Nacional e Popular) e La Florería, usam a experiência de um grupo chamado La Cámpora, que nasceu para apoiar o presidente Néstor Kirchner (1950-2010) e hoje segue com sua viúva e sucessora, Cristina.

A Conapo é ligada ao deputado Sergio Massa, hoje o pré-candidato líder em intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem.

O secretário geral da Conapo é Fabián Alessandrini, 44, dirigente sindical de uma associação de servidores. Ele explica que os cerca de 5.000 militantes se organizam em pequenos grupos nos fins de semana para conversar com moradores de um bairro, como se fosse uma pequena missão encarregada de ouvir reclamações sobre a escola pública, os hospitais etc.

E, claro, aproveitam para falar do candidato deles: "Sérgio Massa, com o nosso apoio popular, irá resolver essas questões que ainda não foram solucionadas", diz.

Nenhum desses movimentos exige filiação formal de seus integrantes, que funcionam como um agrupamento por afinidade. Entre os simpatizantes, há também os filiados à sigla do líder. Alessandrini já concorreu, sem sucesso, ao cargo de deputado pela Frente Renovadora.

O grupo se envolve em bandeiras do deputado --por exemplo, buscando assinaturas de pessoas que, como Massa, se opõem a um projeto de mudar o Código Penal.

Alessandrini diz que o grupo existe desde 2010, mas cresceu a partir de 2013. "Quando [Massa] decidiu ser candidato, companheiros de outros movimentos começaram a aderir", diz, sem perder a chance de citar o político.

La Florería é vinculado ao ministro dos Transportes, Florencio Randazzo. O nome e o slogan ("uma flor de movimento") são referências ao político. Assim como a Conapo, seus membros se organizam em pequenos grupos para ir aos bairros periféricos ou das cidades do entorno de Buenos Aires para promover suas pautas e seu candidato.

O diretor Ezequiel Auspitz, 26, conta que já foi fazer campanha sobre o uso de capacete entre os motociclistas. Segundo ele, é de propósito que o nome do grupo dá possibilidade de brincar --a intenção é que as pessoas "se divirtam e vejam a política como algo ao alcance". O movimento, diz Auspitz, "tem vínculo direto com Randazzo, mas não com o partido dele".

Ambos dizem se diferenciar do La Cámpora por este ter sido organizado "de cima para baixo" --ou seja, com os Kirchner procurando um grupo de militantes que dessem apoio a eles. Mesmo simpatizantes do grupo da atual presidente concordam que essa é uma diferença marcante.

DEPENDENTE

A jornalista Sandra Russo publicou um livro recente sobre o La Cámpora chamado "Fuerza Propia" (força própria). Biógrafa da presidente Cristina e identificada com o kirchnerismo, ela diz que o movimento "nasceu sob a orientação de Néstor". Máximo, filho do casal Kirchner, é um dos dirigentes do grupo.

Além de ser a claque da presidente em atos públicos, La Cámpora promove Cristina no dia a dia em atividades abertas aos interessados, que incluem ajuda jurídica e oficinas de orientação para conseguir um trabalho. Há ainda cursos de formação política.

Apesar de La Cámpora não ser formalmente ligado ao partido de Cristina, há membros do grupo que são deputados; outros foram nomeados para cargos no governo.


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