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Senado vai barrar novo embaixador na Bolívia, diz tucano

Nome não será aprovado enquanto Itamaraty não enviar documentos do caso Roger Pinto, afirma Aloysio Nunes

Cargo em La Paz está vago desde a fuga do senador, que ficou mais de 400 dias asilado na embaixada brasileira

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

A Comissão de Relações Exteriores do Senado não vai aprovar um novo embaixador brasileiro na Bolívia enquanto o Itamaraty não enviar aos parlamentares os documentos referentes ao caso do senador Roger Pinto, disse à Folha o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

A embaixada é tocada por um encarregado de negócios desde a saída do embaixador Marcel Biato, em 2013, após a fuga para o Brasil do senador boliviano. A indicação do novo embaixador tem de passar pelo Senado brasileiro.

Em agosto de 2013, o diplomata Eduardo Saboia, então encarregado de negócios em La Paz, retirou o senador que estava asilado na embaixada havia 453 dias e o levou em um carro oficial até Corumbá (MS), desencadeando uma crise diplomática.

O episódio motivou a demissão do então chanceler Antonio Patriota.

A Folha revelou neste domingo (1º) que o governo brasileiro pressionou o senador a abrir mão unilateralmente do asilo concedido pelo Brasil, diante de exigências do presidente da Bolívia, Evo Morales. O Brasil nunca havia pressionado um asilado a abrir mão do benefício.

"Eu sabia que a diplomacia no governo Dilma havia perdido sua ambição de protagonismo. Agora percebi que perdeu também a vergonha", disse Aloysio Nunes.

Pressionado pela presidente Dilma Rousseff, o chanceler Patriota teria enviado em maio de 2013 um emissário a La Paz para propor a Roger Pinto que abrisse mão da proteção concedida pelo Estado brasileiro e fosse transferido para um terceiro país não identificado.

O senador tucano deve encaminhar nesta semana um requerimento pedindo que o Itamaraty mande à comissão todas as comunicações relativas ao caso. Mas, segundo ele, o Itamaraty já teria entrado em contato, argumentando que as informações pedidas são sigilosas.

"Eu quero ver essa questão em pratos limpos, senão vou segurar a aprovação do novo embaixador", afirmou Aloysio Nunes.

A comissão já havia enviado em setembro de 2013 um requerimento solicitando as comunicações sobre o caso. Mas o Itamaraty limitou-se a encaminhar cópias de 26 comunicações, muitas não relacionadas ao episódio.

Eduardo Saboia é alvo de sindicância e pode sofrer punições que vão desde advertência até exoneração, ou arquivamento do caso. Ele argumenta que havia risco de suicídio do senador, diante da falta de perspectiva de libertação, e portanto seu ato foi humanitário.

A sindicância sobre os atos de Saboia já leva nove meses, sem previsão de decisão. Em seu requerimento, Aloysio Nunes diz querer apurar se o adiamento, "que, em si, constitui punição velada do diplomata Saboia, objetiva também encobrir a responsabilidade de outras autoridades".

Biato teve sua indicação para a Embaixada da Suécia retirada pela presidente Dilma e está sem função específica. O senador Roger Pinto aguarda decisão sobre seu pedido de refúgio no Brasil.

O Itamaraty afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso enquanto a sindicância "não se finalizar".


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