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Colombiano revela diálogo com guerrilha

A cinco dias de pleito em que tenta reeleição, presidente Santos anuncia negociação com Exército de Libertação Nacional

Diálogo se soma ao processo de paz com as Farc; oposição aponta manipulação e desespero do governo

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

A cinco dias do segundo turno presidencial na Colômbia, o candidato à reeleição, Juan Manuel Santos, anunciou que desde janeiro vem conversando com o ELN (Exército de Libertação Nacional), segunda maior guerrilha colombiana, para tentar um acordo de paz semelhante ao que está levando a cabo em Havana com as Farc (Forcas Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A paz se transformou no principal tema da campanha, que chega à última semana com os dois principais candidatos em empate técnico.

No primeiro turno, o candidato apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, Óscar Iván Zuluaga, ficou três pontos percentuais (29%) à frente de Santos (26%).

O presidente disse que só será possível o diálogo com o ELN se a pauta for a mesma que está na mesa com as Farc. "O conflito é um só, não pode haver dois modelos de abandono das armas e dos exercícios para o esclarecimento da verdade."

Santos afirmou, ainda, que a negociação com o ELN terá também de ocorrer no exterior. O presidente agradeceu pela contribuição de diversos países para viabilizar o processo de paz, inclusive o Brasil --sem dar detalhes.

Um dos pontos do acordo que muitos repudiam é que não há cessar-fogo.

Tanto as Farc como o ELN são responsáveis por mais de 50 anos de conflito.

"É preciso lembrar que nos últimos anos os grupos paramilitares cresceram muito e, em algumas regiões, como Medellín, são mais perigosos e numerosos que as guerrilhas antes tidas como de esquerda", diz à Folha o analista Darío Acevedo.

"Eles chefiam os grupos de crime organizado. Não estamos vendo o governo propor negociações que envolvam esses grupos."

O governo de Uribe, antecessor e ex-aliado de Santos, foi acusado de manter vínculos e acordos com paramilitares para tentar manter a ordem no interior do país. Desde o fim do uribismo, ganharam força os dissidentes das chamadas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).

Na região de Antioquia, onde atuou nos anos 80 e 90 o cartel de Medellín, os chamados Urabeños são mais poderosos que as Farc.

CARTADA ELEITORAL

O presidente joga com a carta da paz para amealhar apoio de intelectuais, esquerdistas e ex-guerrilheiros. Para o ex-guerrilheiro León Valencia, "Santos se jogou a fundo no tema da paz e isso não tem volta".

A oposição vê um desespero eleitoreiro. "É uma manipulação que dá asco", disse a ex-candidata presidencial Marta Lucía Ramírez, chefe de campanha de Zuluaga.

Uribe acusa Santos de usar a guerrilha para forçar camponeses a votar por ele.

Antes franco favorito, Santos perdeu essa condição após oferecer anistia parcial a ex-guerrilheiros e a possibilidade de que pudessem se candidatar ao Congresso.

A negociação com as Farc, iniciada há 18 meses, tinha amplo apoio. Agora, muitos colombianos acham que Santos está cedendo demais.

Tanto Uribe como seu afilhado Zuluaga querem a suspensão dos acordos e das negociações enquanto não houver cessar-fogo unilateral.

No mês passado, a morte de dois meninos-bomba supostamente recrutados pelas Farc fez com que o apoio popular ao candidato uribista aumentasse na última semana antes do primeiro turno.


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