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Análise Iraque

Se Obama quisesse intervir, não teria apoio popular

País está cansado de conflitos; declarações do atual presidente contra guerra em 2002 pesam sobre suas ações hoje

MICHAEL COHEN DO "OBSERVER"

Barack Obama é presidente dos EUA hoje, em grande medida, porque disse o seguinte em 2002: "Sou contra uma guerra insensata... uma guerra baseada não na razão mas na paixão, não em princípios, mas na política."

Mais de cinco anos depois, essa declaração de oposição --em contraste com o voto "sim", em apoio à guerra, de sua rival democrata, a senadora Hillary Clinton-- se tornaria a diferença definidora entre os dois candidatos.

Hoje, porém, essas palavras são uma sombra que anuvia a Presidência de Obama no momento em que ele enfrenta a decisão difícil de voltar ou não a intervir militarmente nesse país --e dificultar o avanço do EIIL, o grupo sunita radical.

O potencial de o EIIL criar um refúgio para outros jihadistas reflete de modo esdrúxulo a situação no Afeganistão antes do 11 de Setembro.

O problema para Obama é que sua história com o Iraque faz com que seja incrivelmente difícil reagir a esse desafio. Em 2002, um ano após o 11 de Setembro, apoiar a guerra, mesmo a contragosto, parecia ser a posição política mais inteligente. Seguir o caminho oposto foi o ingresso de Obama para a fortuna política.

Há apenas 15 dias, na Academia Militar de West Point, Obama lembrou aos cadetes que "alguns de nossos erros mais custosos aconteceram não porque nos refreamos, mas porque nos mostramos dispostos a mergulhar de cabeça em aventuras militares sem ponderar adequadamente suas consequências".

Mas essas palavras não são apenas um reflexo do que Obama pensa: refletem os pontos de vista da nação que ele chefia, que está farta de quase 12 anos de guerra constante. Os americanos não querem participação alguma em outra guerra --e especialmente não no Iraque.

Portanto, mesmo que Obama quisesse intervir, seria pouco provável que isso contasse com apoio popular forte. Esse é o legado mais útil e inesperadamente contraproducente do Iraque. Ele produziu uma percepção geral tão negativa da ação militar dos EUA que, mesmo quando o uso da força pode se justificar, as restrições políticas são, bem, restritivas demais.

Somando a isso os fracassos do próprio Obama no Afeganistão e na Líbia, será ainda mais difícil no futuro travar guerras insensatas. Mas que ninguém se engane: também vai ser difícil travar guerras inteligentes.


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