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Com protestos, Suécia reage a racismo

Atos ocorrem após partido de extrema direita ganhar cadeiras em eleições do Parlamento Europeu, há um mês

Vitória de agremiação revolta setores da população de um país com longa tradição de abertura a imigrantes

MARINA REIS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ESTOCOLMO

O inédito bom resultado do partido de extrema direita Democratas Suecos na eleição para o Parlamento Europeu, no mês passado, detonou uma onda de protestos na Suécia contra a ideologia da sigla, que seus críticos consideram racista e xenófoba.

Com 9,8% dos votos, os Democratas Suecos ficaram atrás dos mais tradicionais social-democratas e verdes --que obtiveram, respectivamente, 24,6% e 15,2%.

A votação, porém, permitiu que a extrema direita do país conseguisse pela primeira vez duas cadeiras no Parlamento Europeu. Isso em um país de longa tradição de abertura à imigração e à diversidade cultural.

O resultado repete o feito das eleições de 2010 na Suécia, quando o partido obteve, pela primeira vez, representação no Legislativo do país, com 5,7% dos votos. Prestes a disputar novamente as eleições suecas, o Democratas Suecos se anima com o resultado, mas encontra forte resistência por parte de diversos setores da população.

Categorias como bombeiros, carteiros, policiais, profissionais da saúde e estudantes fizeram mais que apenas protestar --alguns carteiros recusaram-se a distribuir material de campanha do partido, enquanto outros escreveram mensagens como "desculpe" e "sinto muito" na capa do material antes de colocá-lo nas caixas de correio.

A atitude gerou um debate sobre democracia, com personalidades discordando da prática e enfatizando a importância da participação de todos na arena pública.

A página do Facebook "Carteiros contra o Racismo" alegou que os profissionais da área não deixaram de entregar o material da legenda: "Distribuímos o material que temos o dever de distribuir. Queremos só expressar nosso descontentamento em distribuir campanha de um partido que considera as pessoas de maneira diferente de acordo com sua origem. Temos, em nome da democracia, direito a essa opinião."

Criada em 13 de maio como parte dos protestos, a página chegou a cerca de 4.000 seguidores --outra página semelhante do Facebook, "Bombeiros contra o Racismo", reuniu mais de 19 mil usuários da rede social.

DE COSTAS

Durante a campanha eleitoral, o líder dos Democratas Suecos, Jimmie Akesson, foi alvo de protestos de outras categorias profissionais.

Na cidade de Malmö --a terceira maior da Suécia, no sul do país--, 27 bombeiros assinaram uma carta contra a visita do líder partidário.

Publicado em abril pelo jornal "Dagens Nyheter", o texto expressa solidariedade a profissionais da área de saúde que, semanas antes da publicação, sofreram ameaças anônimas por se opor à visita de Akesson a hospitais.

A carta dos bombeiros dizia ainda que "a igualdade entre os seres humanos é um valor importante para o desempenho de nossa profissão. Um valor incompatível com uma política racista".

Em sua turnê pelo país, membros do partido se viram às voltas com protestos também em escolas e praças, onde estudantes e manifestantes lhes viraram as costas durante discursos eleitorais da agremiação.

"É obrigatório fazer isso contra um partido que apoia uma política racista, ainda que eles finjam não ser isso que fazem", disse Edgar Mirjamsdotter, aluno do colégio Hedbergska, que virou as costas para um porta-voz dos Democratas Suecos, Johnny Skalin, durante evento em Sundsvall, no centro do país.

A propaganda do partido também foi criticada por usuários do metrô na capital, Estocolmo. Após várias reclamações por telefone e nas redes sociais, a SL, companhia do metrô, postou em sua página do Facebook que não tem condições de responder a todos que entram em contato para criticar a propaganda e frisou ser apartidária.

RIVAIS FEMINISTAS

Fundado em 1988, o Democratas Suecos tem seu foco na crítica às políticas de imigração da Suécia. O partido nega as acusações de racismo e tenta se distanciar da imagem de extrema direita, mas mantém como bandeira fortes restrições à imigração.

Em seu site oficial, a sigla afirma "opor-se à estrutura social multicultural, uma vez que ela causa fragmentação e exige que a Suécia se adapte a outras culturas".

Outra sigla nova bem votada na eleição europeia foi a Iniciativa Feminista, de esquerda, que conseguiu 5,3% dos votos. Fundado em 2005, o partido obteve neste ano sua primeira cadeira no Parlamento Europeu.

O slogan da campanha da legenda era "para fora os racistas, para dentro as feministas".


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