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Ativistas reformulam protestos na Turquia

Um ano após grandes atos contra premiê, objetivo passa a ser fiscalizar eleições e levar reivindicações ao governo

Parque em Istambul, epicentro da revolta, retorna à tranquilidade, mas mantém marcas de manifestações de 2013

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

As névoas de gás lacrimogêneo já se dissiparam e, com elas, os milhões de manifestantes que haviam feito do parque Gezi, na região central de Istambul, uma das atrações turísticas da insatisfação popular na Turquia.

Mais de um ano depois dos grandes protestos, Gezi voltou a ser hoje um diminuto recanto arborizado --um dos menores da cidade-- à sombra de seus prédios vizinhos.

Mas o quebra-quebra, a morte de oito pessoas e o ferimento de milhares deixaram ali a marca das reivindicações sociais que foram das ruas à política e mantêm as exigências por mudanças em um governo visto como conservador e repressivo.

"O muro do medo foi quebrado", diz à Folha o ativista Sercan Celebi, 31. "Dizem que o país está indo ladeira abaixo e que ainda temos o mesmo governo. Mas, agora, estamos discutindo isso."

Os protestos do parque Gezi, contra a construção de um complexo comercial na zona verde, foram iniciados em 2013. Com a repressão, a insatisfação ganhou corpo em milhões de manifestantes, descontentes com a centralização e o conservadorismo do premiê Recep Erdogan.

Celebi, um dos líderes carismáticos do movimento, recebe a reportagem em um café na região de Dolmabahçe --cadeiras de plástico em uma ladeira que termina no Bósforo. Por ali, diz, manifestantes tentavam ir ao parque Gezi e eram reprimidos pelas forças de segurança.

Na ressaca das manifestações, Celebi reuniu-se com colegas em torno da conclusão de que não podiam deixar a fumaça das reivindicações se dissipar. "Se as pessoas fossem para casa e vissem que o governo continua igual, a energia ia se transformar em desespero", diz.

DESORGANIZAÇÃO

Os ativistas criaram, a partir daí, a organização Vote & Beyond (voto e além), que monitorou as eleições locais de março nas milhares de urnas de Istambul. Eles mobilizaram 27 mil voluntários.

Para sua surpresa, com 97% das urnas monitoradas, a organização concluiu que as eleições são justas no país.

"A desorganização da oposição se reflete nas urnas, e os políticos opositores são a razão pela qual a Turquia está nessa situação", diz. "Odeio a visão que o governo tem deste país, mas respeito a organização deles."

A situação é especificamente, explica, a de um país governado por um primeiro-ministro conservador que interfere nos mais diversos setores da sociedade, da regulação da venda de álcool à visita a sites pornôs na rede.

O passo seguinte no Vote & Beyond será, ainda no "vote", monitorar as eleições presidenciais de agosto. Então, os ativistas irão ao "beyond" --criar o seu "mapa regional de prioridades".

Celebi planeja enviar até 100 mil voluntários para todos os bairros de Istambul para ouvir dos moradores o que esperam do governo. "Vamos montar um mapa e entregar às autoridades."


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