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Reino Unido divulga arquivos secretos de desertor da KGB

JILL LAWLESS DA ASSOCIATED PRESS, EM CAMBRIDGE

Os papéis passaram anos escondido em um latão de leite numa dacha [rancho] russa, e lê-los é como acessar uma enciclopédia da espionagem na Guerra Fria.

Documentos de um dos maiores vazamentos de inteligência na história foram divulgados nesta segunda (7), após terem sido mantidos em segredo por duas décadas.

Os arquivos foram contrabandeados para fora da Rússia em 1992 por Vladimir Mitrokhin, um dos diretores do arquivo do serviço de inteligência externa no quartel-general da KGB --e um dissidente clandestino.

Christopher Andrew, historiador que pesquisa serviços de inteligência, disse que o dossiê é considerado "a mais importante fonte de inteligência de todos os tempos" pelas autoridades britânicas e americanas.

Por mais de uma década, Mitrokhin levou arquivos para casa, os copiou à mão e posteriormente os datilografou e recolheu em volumes. Os arquivos ficavam escondidos em sua casa de campo, alguns deles dentro de um latão de leite que ele enterrou no terreno.

Depois do colapso da União Soviética, em 1991, Mitrokhin foi retirado clandestinamente da Rússia e passou o resto de sua vida no Reino Unido, vivendo com um nome falso e sob proteção. Ele morreu em 2004, aos 81 anos.

O mundo nada sabia sobre Mitrokhin até que Andrew publicasse um livro que tomava seus arquivos por base, em 1999.

O texto causou sensação ao expor as identidades de agentes da KGB, entre os quais a britânica Melita Norwood, a "bisavó espiã", que havia fornecido segredos atômicos aos soviéticos por anos.

Os arquivos de Mitrokhin descrevem Norwood, morta em 2005, como "agente leal, confiável e disciplinada".

Ela era mais confiável que os famosos "espiões de Cambridge", importantes funcionários dos serviços de inteligência britânica que trabalhavam para os soviéticos. Os arquivos descrevem o espião Guy Burgess como "constantemente sob a influência do álcool", e Donald Maclean como "não muito bom em guardar segredos".

Embora alguns agentes estivessem no Ocidente, um número muito maior operava dentro do bloco comunista.

Os arquivos revelam os agentes clandestinos enviados à então Tchecoslováquia para infiltrar as fileiras dos dissidentes depois da Primavera de Praga, em 1968.

Outros tinham por alvo o círculo de assessores do religioso polonês Karol Wojtyla, que mais tarde se tornaria o papa João Paulo 2º. A KGB menciona com desaprovação as "posições extremamente anticomunistas" do futuro pontífice.


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