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'Epidemia de medo' marca surto do ebola

'Não é gripe, não se pega no ar', afirma especialista americano que trabalha no combate ao vírus em Serra Leoa

Apenas funcionários de hospitais, médicos e familiares de doentes foram contaminados no atual surto até agora

PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL A SERRA LEOA

Existem duas epidemias atualmente: uma de ebola e outra de medo. Quem diz isso é Craig Manning, especialista da Divisão de Doenças Virais Especiais do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC), principal centro mundial de controle de epidemias.

"A não ser que a pessoa tenha comido morcego ou macaco [com o vírus], cuidado de um parente contaminado, tratado de um doente no hospital ou ido a um enterro e manipulado o corpo, não há risco de contágio", disse à Folha Manning, que está em Serra Leoa com uma equipe de 22 pessoas do CDC.

Segundo ele, há desinformação. "Não é gripe, não se pega no ar e nem ao se encostar na pessoa do lado. Precisa ser um contato com uma pessoa que já esteja doente e com sintomas, como vômitos, febre ou suor profuso."

Não existe cura para a doença. O tratamento é apenas paliativo, e 60% dos infectados morrem. Estudos indicam que as pessoas que se curam do ebola desenvolvem anticorpos e ficam imunes.

Essa é uma das linhas de pesquisa para fazer medicamentos para a doença --Kent Brantly, o médico americano que se contaminou na Libéria, recebeu transfusão de sangue de um menino de 14 anos que havia se curado da doença. Ainda não há conclusões definitivas sobre a eficácia do tratamento.

Até agora, só se contaminaram familiares de doentes, médicos e pessoas que trabalhavam em hospitais. A única exceção foi o doente que embarcou em um voo da Libéria para Nigéria e contaminou funcionários do aeroporto. "Mas isso porque ele estava em estágio avançado da doença, vomitando, e os funcionários tiveram de ajudá-lo a se levantar", diz Manning.

Segundo ele, só precisa entrar em isolamento quem tiver contato físico direto com um doente sintomático.

Os profissionais do CDC, dos Médicos Sem Fronteiras e jornalistas que cobrem a epidemia --além da Folha, profissionais de veículos como "New York Times" e "Washington Post"-- não precisam entrar em quarentena.

"Se o ebola fosse transmitido facilmente, os números da epidemia seriam muito maiores. O que temos é um número pequeno de pessoas com uma doença horrível e incurável", diz Manning.

Só o exame de sangue confirma a doença causada pelo ebola, que não é contagiosa enquanto os sintomas não se manifestam. A incubação é de 2 a 21 dias, mas em 90% dos casos a doença se manifesta até o décimo dia.

Para conter a epidemia, a Libéria decretou toque de recolher em duas regiões a partir desta quarta (20).


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