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Hollande demite ministros por críticas ao governo

Afastado, Montebourg (Economia) reclamou da política de austeridade

Segunda reforma em menos de cinco meses expõe fraqueza do presidente francês, que tem baixa popularidade

LEANDRO COLON DE LONDRES

Diante de uma grave crise de popularidade, o presidente da França, François Hollande, teve de mexer no seu governo apenas cinco meses depois da última troca.

Pelo menos três ministros, entre eles o da Economia, Arnaud Montebourg, confirmaram a saída.

Uma das mais importantes lideranças do Partido Socialista, o mesmo de Hollande, Montebourg protagonizou essa crise após declarações públicas que fez contra as políticas econômicas do governo.

Ele havia criticado, em entrevista ao jornal francês "Le Monde", no sábado (23), a atitude de Hollande e do premiê, Manuel Valls.

Atacou, por exemplo, a política de austeridade imposta pela Alemanha aos países da União Europeia, a qual, segundo ele, vai levar o continente à recessão e, depois, à deflação. Disse que era preciso "levantar a voz" contra o governo da chanceler alemã, Angela Merkel.

Nomeado há cinco meses, Valls não admitiu as declarações e apresentou a Hollande a demissão de todo o governo --inclusive a dele.

O presidente francês, segundo a versão oficial, concordou com as mudanças, mas decidiu manter Valls.

Na prática, a estratégia de Valls foi ter o aval de Hollande para trocar os ministros.

O titular da Educação, Benoît Hamon, também fez comentários na linha dos de Montebourg e decidiu deixar o governo, assim como a ministra da Cultura, Aurélie Filippetti. Os substitutos devem ser anunciados nesta terça-feira (26).

"Eu informei o primeiro-ministro que julguei necessário sair se minhas convicções contrariam a orientação do governo que ele lidera", disse Montebourg, historicamente desafeto de Hollande e cotado para as eleições presidenciais de 2017.

A Presidência da França confirmou as mudanças por meio de um comunicado: "O chefe de Estado pediu a formação de uma equipe coerente com as orientações que ele mesmo definiu para o país".

O episódio expõe a fragilidade de François Hollande, desgastado pelos baixos índices de popularidade --a mais recente pesquisa mostrou que menos de 17% da população aprovam seu governo, o que seria o pior desempenho de um presidente em 50 anos.

A taxa de desemprego ronda os 10%, e a economia deve crescer menos de 1% neste ano. Mesmo assim, Hollande defende a manutenção de uma política econômica de austeridade, sustentada em redução de investimentos e de gastos.

REFORMA

Valls foi nomeado premiê em uma remodelação do gabinete em março, no lugar de Jean-Marc Ayrault, após os socialistas fracassarem nas eleições locais contra a direta e a extrema-direita. Em três meses, viu despencar sua popularidade para 36%.

A decisão de mudar novamente membros do governo mostra que Hollande vai se manter alinhado aos alemães e não aceitará posições contrárias às suas diretrizes.


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