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Argentinos discutem nova capital, no norte do país

Cristina Kirchner defende mudança para cidade que tem 270 mil habitantes

Instituto de pesquisa afirma que 47% são a favor da ideia e afirmam que Buenos Aires está saturada

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Em um discurso recente, Cristina Kirchner se mostrou favorável a mudar a capital do governo de Buenos Aires e levá-la para uma cidade no norte da Argentina, Santiago del Estero, em uma região remota e pobre do país.

Em sua fala, Cristina afirmou que não adiantava mostrar pesquisas de opinião sobre o assunto. "Se fosse pelas pesquisas, eu não teria feito absolutamente nada. E acredito que, se San Martín tivesse consultado se cruzava a cordilheira, teria dado negativo", completou, em referência ao general que foi o líder da independência argentina, no começo do século 19.

Mesmo assim, foi feito um levantamento para tentar concluir o que os argentinos pensam sobre a questão.

A Equis, uma consultoria privada de um economista que costuma apoiar o kirchnerismo, ouviu 1.132 pessoas e concluiu que 47% estão de acordo, 27% discordam e 14% são indiferentes à proposta. Os 12% restantes não souberam responder.

Os que se diziam favoráveis precisavam explicar o motivo, e o argumento mais citado era o de uma saturação da cidade de Buenos Aires.

A atual capital do país tem 2,89 milhões de habitantes, mas a região metropolitana inteira abriga 12,8 milhões de pessoas --cerca de 32% do total da população argentina, de acordo com dados do Censo de 2010.

Como comparação, a região metropolitana da maior cidade do Brasil, São Paulo, tem cerca de 20 milhões de pessoas, cerca de 10% da população brasileira.

Segundo o Censo de 2010, o Estado de Santiago del Estero tem 874 mil pessoas; e 267 mil vivem na cidade --a mais antiga do país, de 1553.

Cristina não foi a primeira a verbalizar a ideia da mudança de capital: o presidente da Câmara de deputados, Julián Domínguez, já havia se pronunciado a favor.

Também não é a primeira vez que um presidente argentino fala em mudar a capital. Raúl Alfonsín, no cargo entre 1983 e 1989, quis tirar o centro do governo de Buenos Aires, mas não tinha a intenção de levá-lo ao norte, e, sim, ao sul do país: para a minúscula Viedma. Sem apoio no legislativo, o projeto morreu.

O deputado Domínguez, que é pré-candidato à Presidência, chamou Santiago del Estero de capital "do futuro".

Domínguez afirma que a cidade do norte da Argentina "está em um ponto estratégico entre os dois oceanos e no Mercosul e por isso encarna o sonho de um país mais integrado e federal".

PIAUÍ

Segundo o geógrafo Ernesto Dufour, da Universidade de Buenos Aires, o crescimento da cidade em detrimento do resto do país se deve, inicialmente, ao porto, já que a economia argentina cresceu com base na exportação de produtos agrícolas.

Dufour compara o Estado de Santiago del Estero ao Piauí. "Tem um clima seco, e a economia é baseada na agricultura primária, de produtos para a alimentação do dia a dia, mas a soja está avançando lá", afirma.

"Foi a primeira cidade argentina fundada pelos espanhóis, mas hoje é um dos lugares mais pobres, periféricos e esquecidos do país", explica Dufour. No Estado, cerca de 3% da população cursou faculdade. Em Buenos Aires, esse índice é de 20,6%.


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