Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Opinião
Estratégia na Síria é difícil de defender até para um obamista
NICHOLAS KRISTOF DO "NEW YORK TIMES"Devo ser um dos poucos americanos que ainda veem a política externa do presidente Barack Obama com alguma dose de aprovação, e mesmo eu sou obrigado a admitir que sua estratégia para a Síria tem sido um caos.
A "linha vermelha" que Obama traçou em relação às armas químicas mais pareceu uma sugestão rabiscada a lápis. Sua rejeição da proposta de Hillary Clinton e David Petraeus de armar facções sírias moderadas teve o efeito trágico de reforçar tanto a milícia radical EI (Estado Islâmico) quanto o ditador sírio, Bashar al-Assad.
Fazer pouco caso do EI, comparando-o a um "time universitário júnior", como Obama fez em janeiro, foi uma tolice --agravada pelos esforços confusos da Casa Branca de negar que ele havia dito isso.
A tragédia na Síria não é culpa de Obama, mas dos sírios. Mesmo assim, ele ficou dolorosamente passivo diante do que aconteceu: a morte de quase 200 mil sírios, a desestabilização dos países vizinhos devido à chegada de 3 milhões de refugiados, o quase colapso do Iraque, a decapitação de dois jornalistas americanos, atrocidades em massa contra minorias religiosas e o risco crescente de terrorismo do EI contra alvos dos EUA e Europa.
E esta é a avaliação de um fã de Obama. Isso mesmo.
"A América vai liderar uma coalizão ampla para combater esta ameaça terrorista", Obama declarou em seu discurso na noite de quarta-feira. Ele a descreveu como uma "campanha de contraterrorismo" para "degradar e, em última análise, destruir" o EI.
Há alguma incoerência aqui. O contraterrorismo é o prisma correto para abordar esse assunto, em vez de uma guerra completa, mas é pouco provável que destrua o EI.
Infelizmente, existem mais problemas que soluções nas relações internacionais, e os chamados de republicanos por ação agressiva podem agravar as coisas. Dick Cheney tem um histórico quase perfeito de estar errado em relação a assuntos externos.
Minha opinião é que Obama está fazendo o certo ao estender para a Síria a ação militar contra o EI, desde que ela seja feita de modo prudente, com metas modestas de conter uma facção terrorista. O Estado Islâmico é um alvo apropriado, tendo assassinado americanos, desmembrado o Iraque e tentado cometer genocídio contra minorias.
O EI também pode representar uma ameaça terrorista dentro dos Estados Unidos. Pelo menos cem americanos, e possivelmente muito mais, já viajaram à Síria para se unir a grupos jihadistas, e alguns deles podem retornar para lançar ataques.
Vamos avançar com os olhos bem abertos. Já vimos os perigos da inação de Obama. Vamos, agora, evitar os perigos da ação excessiva.