Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Grupo de 26 países combaterá facção radical
Encontro em Paris formaliza coalizão contra Estado Islâmico no Iraque, mas ações efetivas não foram definidas
Nações apoiam ataques aéreos contra a milícia em território iraquiano, mas divergem sobre intervenção na Síria
Uma conferência em Paris definiu nesta segunda (15) a participação de 26 países e de três entidades --ONU, União Europeia e Liga Árabe-- em uma coalizão para combater a milícia radical Estado Islâmico (EI) no Iraque.
O EI controla parte do norte iraquiano, além de faixas do oeste da Síria, onde proclamou um califado --Estado regido pela lei islâmica.
Os participantes do encontro na França concordaram em apoiar o novo governo iraquiano "de todas as formas necessárias".
O comunicado conjunto divulgado após o fim da reunião, porém, é genérico e não fala em bombardeios ou envio de tropas terrestres.
O texto se limita a oferecer "ajuda militar apropriada, correspondente às necessidades expressadas pelas autoridades iraquianas e de acordo com o direito internacional e a segurança das populações civis".
"A luta do Iraque contra os terroristas é também a nossa luta. Devemos empenhar-nos juntos, este é o objetivo desta conferência", disse, na abertura, o presidente francês, François Hollande.
Os EUA afirmam que países árabes se ofereceram para realizar ataques aéreos contra a facção radical no Iraque, medida tomada apenas por Washington até agora.
"Temos países nessa região [Oriente Médio] e fora dela preparados para fornecer ajuda militar, caso isso seja necessário", disse o secretário de Estado americano, John Kerry.
ATAQUES
Na noite de segunda, os Estados Unidos bombardearam áreas dominadas pelo Estado Islâmico em Sinjar, no norte do Iraque, e na periferia de Bagdá. Foi o primeiro ataque americano ao país após ser formada a coalizão militar.
Mais cedo, a Força Aérea francesa realizou voos de reconhecimento militar no Iraque. O governo francês, porém, descarta agir na Síria por limitações legais e militares.
"Estamos prontos para ajudar o governo iraquiano, que pediu ajuda, mas não a ditadura de Bashar al-Assad", disse um diplomata francês.
O Estado Islâmico é uma das forças enfrentadas pelo regime sírio na guerra civil do país, iniciada em 2011. Na semana passada, o presidente americano, Barack Obama, disse que não hesitaria em atacar o território sírio.
A posição, porém, é criticada nos EUA por seu benefício a Assad e também conta com a resistência de Rússia e China, que apoiam Assad. Nesta segunda, a Síria afirmou que poderá retaliar possíveis bombardeios americanos a seu território.
Enquanto isso, a Justiça alemã começa a avaliar o caso de um jovem de 20 anos que é acusado de se associar ao Estado Islâmico. Ele recebeu treinamento da facção em Aleppo, no norte da Síria, e participou de combates no país em 2013.
Ele foi preso em dezembro, ao voltar para a Alemanha. Seus advogados de defesa dizem que o jovem sofre de estresse pós-traumático e, por isso, deve ser absolvido. Estima-se que 400 alemães foram recrutados pelo EI, e que cem teriam retornado para casa.