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Refém de milícia critica Ocidente em vídeo
Jornalista John Cantlie, preso pelo Estado Islâmico, diz ter sido abandonado pelo Reino Unido, sem 'nada a perder'
EI toma aldeias curdas na Síria; após ataque, população tenta fugir rumo à Turquia, que fecha sua fronteira
A milícia radical Estado Islâmico (EI) divulgou nesta quinta (18) um vídeo em que o jornalista britânico John Cantlie, prisioneiro da facção, critica os governos de Estados Unidos e Reino Unido.
Cantlie, que é mantido refém pelo EI desde novembro de 2012, aparece no vídeo atrás de uma bancada, com postura de apresentador de televisão e a roupa laranja característica dos detidos da milícia que aparecem em seus filmes de propaganda.
"Eu sei o que você está pensando. Você está pensando: ele só está fazendo isso porque é um prisioneiro, tem uma arma apontada para a sua cabeça e ele está sendo forçado a fazer isso'", diz Cantlie. "É verdade, eu sou um prisioneiro (...), mas desde que eu fui abandonado pelo meu governo e meu destino está nas mãos do EI, não tenho nada a perder."
Apesar de demonstrar calma, Cantlie aparenta estar lendo sua fala. Ele conta como "muitos cidadãos europeus foram presos e depois liberados pelo EI", e "americanos e britânicos foram deixados para trás".
Reino Unido e Estados Unidos têm a política de não pagar resgate a organizações consideradas terroristas, e insistem para que outros países façam o mesmo.
O jornalista ainda promete novos "programas", nos quais diz que contará a verdade sobre o EI e sobre "como a mídia ocidental, a mesma organização para a qual eu trabalhava, pode distorcer e manipular a verdade". Cantlie trabalhou como free-lancer para o "Sunday Times" e o "Sunday Telegraph", entre outros veículos.
O audiovisual tem se mostrado uma importante ferramenta de propaganda para o EI, que já publicou filmes que mostravam o assassinato dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff e do britânico David Haines. O britânico Alan Henning apareceu como a "próxima vítima".
TENSÃO EM FRONTEIRA
Nesta quinta, combatentes do EI conquistaram 21 aldeias curdas no norte da Síria, em um grande avanço em direção à fronteira com a Turquia.
Um comandante do grupo armado curdo YPG disse que os militantes do EI usaram armas pesadas e tanques em um ataque perto da cidade de Ayn al-Arab (chamada de Kobani pelos curdos).
Cerca de 3.000 pessoas foram à fronteira entre Síria e Turquia em busca de refúgio, mas as autoridades turcas impediram a entrada.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, há um número indeterminado de mortos do lado curdo, tanto civis quanto combatentes. A facção estaria fazendo assassinatos em massa e sequestros na região.
Os curdos pedem apoio a outras organizações curdas. "A juventude do Curdistão do norte (sudeste da Turquia) deve ir a Kobani e participar da resistência histórica e honrada", convocou o PKK, organização sediada na Turquia.