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Escocês renuncia, e Cameron confirma reforma após pleito
Vitória do 'não' à separação leva premiê local a deixar cargo e líder britânico a reafirmar mais autonomia
União Europeia celebra resultado de plebiscito, pois eventual fratura no Reino Unido poderia gerar onda separatista
A rejeição da independência da Escócia levou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a confirmar as promessas de mais autonomia ao território escocês.
Outra consequência imediata ao resultado foi a renúncia do primeiro-ministro do Parlamento local, Alex Salmond, líder do SNP (Partido Nacionalista Escocês).
Desgastado com o crescimento dos separatistas na reta final da campanha, o premiê conservador, David Cameron, manteve as promessas de dar mais autonomia fiscal e de gestão financeira ao Parlamento escocês, que hoje tem poderes limitados por Londres.
Esse "pacote de autonomia" foi a cartada final dele e da oposição Trabalhista para garantir os votos contra a independência diante do risco de uma derrota histórica e catastrófica. "Os partidos têm compromissos claros de dar mais poderes ao parlamento escocês", disse o primeiro-ministro.
Cameron confirmou que as mesmas medidas devem ser ampliadas aos demais membros do Reino Unido: Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte.
Uma declaração dele, no entanto, incomodou o Partido Trabalhista: a disposição de tentar impedir agora que os 59 escoceses que integram o Parlamento britânico tenham voto em leis que tratam da Inglaterra --seria uma recompensa aos ingleses, que não têm um parlamento regional, em troca da autonomia a ser dada aos escoceses.
Só que dessas 59 cadeiras da Escócia em Westminster, 41 são dos trabalhistas. Como a Inglaterra é o maior e mais significativo país do Reino Unido, a perda de votos em discussão de suas leis seria um duro golpe na oposição.
Se a reação de Cameron era previsível, a do escocês Alex Salmond não era cogitada pela mídia britânica. Ele anunciou sua renúncia nesta sexta-feira (19) à tarde, em Edimburgo, capital escocesa.
O líder nacionalista comandou a campanha pela separação da Escócia e havia se fortalecido com o crescimento das chances de vencer.
Salmond se disse orgulhoso do desempenho da campanha, mas alegou que seu "tempo" na linha de frente acabou.
Ele havia sido o grande articular do plebiscito, cuja participação nas urnas foi considerada recorde na Escócia. Ao todo, 3,6 milhões de moradores do país votaram, 84,6% dos aptos a dizer "sim" ou "não" à independência.
Em uma declaração, a rainha Elizabeth 2ª disse que a Escócia agora vai se unir em um "espírito de respeito e apoio mútuo".
Nas ruas de Edimburgo, o clima pós-plebiscito foi de tranquilidade.
Mas em Glasgow, maior cidade do país, onde o sim' à separação venceu, houve brigas com partidários do não', e a polícia teve de separar os dois grupos.
EUROPEUS
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, declarou que o resultado na Escócia mantém o bloco "forte e unido". Outro que comemorou foi o governo espanhol, que se opõe a um plebiscito de separação da Catalunha em seu território.