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Turquia sinaliza ação terrestre na Síria contra facção
País é o primeiro a defender envio de tropas em solo para combater a milícia radical Estado Islâmico
Combatentes apertam cerco à cidade síria de população curda Kobani, na fronteira com a Turquia
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defendeu nesta terça (7) uma operação militar terrestre para combater a milícia radical Estado Islâmico (EI). O grupo está perto de controlar a cidade síria de população curda Kobani, na fronteira com a Turquia.
A fala de Erdogan faz da Turquia o primeiro país a sinalizar o envio de tropas para combate à facção em solo.
Os demais países envolvidos no conflito limitaram sua atuação à realização de ataques aéreos.
"O problema do EI não pode ser resolvido por meio de bombardeios", disse o presidente, em um campo de refugiados sírios no sul da Turquia. "O terror não vai parar até cooperarmos para uma operação terrestre", afirmou.
Considerada uma das maiores potências militares da região, a Turquia está sendo arrastada ao conflito pelos avanços do EI na região de Kobani. O Parlamento turco aprovou operações militares na Síria e no Iraque na semana passada.
Os arredores da cidade são o campo de batalha entre forças curdas e a milícia radical há três semanas.
Neste período, 180 mil pessoas fugiram para a Turquia e ao menos 400 morreram, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora o conflito.
Segundo relatos, do lado turco da fronteira, as bandeiras negras da milícia radical já podem ser vistas em algumas partes de Kobani.
Os avanços do EI acontecem apesar dos ataques aéreos de americanos e aliados árabes na região. Nesta terça, a coalizão liderada pelos EUA atingiu diversas posições da milícia perto de Kobani.
O governo turco, no entanto, pede que os EUA ampliem a atuação na área, com mais bombardeios ao EI.
A França discute com Ancara uma ação conjunta. "Muita coisa está em jogo em Kobani, e tudo deve ser feito para que os terroristas do EI sejam parados e empurrados de volta", disse o chanceler francês, Laurent Fabius, no Parlamento do país.
CURDOS
Nesta terça, ao menos nove pessoas morreram em manifestações feitas por curdos em diferentes regiões da Turquia, incluindo as maiores cidades, Istambul e Ancara.
Os curdos pedem ao governo mais ação para proteger a população de Kobani. Com gás lacrimogêneo e canhões de água, a polícia reprimiu os protestos pelo país.
Políticos curdos, participantes do processo de paz com o governo, criticam a falta de ação de Ancara.
O vice-primeiro-ministro, Yalcin Akdogan, rejeitou as críticas. "A Turquia está fazendo o possível em aspectos humanitários", afirmou.
O processo de paz em curso tem o objetivo de encerrar o conflito entre curdos e turcos, que acontece há 30 anos e já deixou ao menos 40 mil mortos no país.