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Choque de polícia e paramilitares mata cinco na Venezuela
Confronto ocorreu em Caracas, após uma operação policial; incidente reforça tensão entre grupos armados
'Coletivos', criados pelo ex-presidente Chávez, são vistos como grupos radicais de apoio ao governo Maduro
A polícia venezuelana anunciou nesta terça-feira (7) ter matado em Caracas cinco membros de uma facção paramilitar ligada ao governo.
O incidente sinaliza uma disputa de poder entre facções armadas nas fileiras governistas --de um lado, forças de segurança regulares e de outro os chamados "coletivos", grupos ligados a setores mais radicais.
Um dos mortos é José Odreman, porta-voz do "coletivo" 5 de Marzo, um dos facções chavistas mais importantes.
Instantes antes de morrer, Odreman disse a canais de TV que responsabilizaria o ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, por "qualquer coisa" que lhe acontecesse.
O episódio começou no início da manhã, quando agentes do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais (CICPC) cercaram o prédio no centro da capital que abriga os escritórios do Escudo de La Revolución.
Segundo José Gregoria Sierralta, chefe do CICPC, os policiais começaram a atirar após terem sido alvejados. Dois paramilitares, entre eles Odreman, teriam morrido no tiroteio.
O "coletivo" conseguiu arrastar dois policiais para dentro do prédio, de acordo com o jornal "El Nacional". Teriam sido libertados horas depois, após operação do CICPC que matou mais três membros da facção.
A Folha viu intensa movimentação de motos e carros de polícia pelo centro, onde ruas foram interditadas, causando congestionamentos. Helicópteros da polícia sobrevoavam a área.
Sierralta disse que o cerco ao prédio se deu em razão conta de uma investigação. "[Este grupo] havia cometido múltiplos homicídios", afirmou o chefe do CICPC.
Ele insistiu que o incidente não está relacionado com as investigações acerca do assassinato a facadas, na semana passada, do deputado governista Robert Serra.
Coletivos chegaram a ser apontados como suspeitos pelo crime.
PARTE DA REVOLUÇÃO
Os "coletivos" em sua formação atual surgiram sob o governo do então presidente Hugo Chávez (1999-2013), que implantou uma autoproclamada revolução socialista baseada na redistribuição de renda e na construção de um poderoso aparato ideológico.
Sob pretexto de que representam o "braço armado da revolução", "coletivos" receberam pistolas, fuzis, motos e material de comunicação. A oposição direitista acusa Nicolás Maduro de ter ordenado aos "coletivos" que esmagassem protestos antigoverno no primeiro semestre de 2014.