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Ilustrada - em cima da hora

Curador de Modigliani é preso em Roma

Christian Parisot, que organizou mostras do italiano no Brasil, é acusado de falsificar e vender obras do artista

Folha revelou em julho que principal peça do artista em mostra no Masp teve legitimidade questionada antes

MATHEUS MAGENTA SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

A polícia italiana decretou ontem, em Roma, a prisão domiciliar de Christian Parisot, presidente da instituição que cuida do espólio e autentica obras do artista italiano Amedeo Modigliani (1884-1920).

Parisot, que organizou a mostra de Modigliani que passou este ano por Vitória, Rio, São Paulo, Curitiba e Salvador, é acusado de falsificar, receptar e vender trabalhos do artista moderno.

Na época da mostra paulistana, ocorrida no Masp, reportagem da Folha revelou que a peça central da mostra, "Grande Figura Nua Deitada", tivera a autenticidade questionada quando exposta na Alemanha há três anos.

Segundo a polícia, Parisot e Matteo Vignapiano, também preso ontem, tinham como tática realizar mostras do artista na Itália e pelo mundo a fim de valorizar peças falsificadas, dando a impressão de que eram legítimas.

Investigadores filmaram uma mostra do artista organizada pelo curador no Museu Arqueológico Nacional de Palestrina, perto de Roma, e concluíram que pelo menos 22 das obras ali eram falsas.

Foram apreendidos na operação policial 41 desenhos, 13 obras em papel, quatro esculturas em bronze e uma tela a óleo. Juntas, as obras seriam vendidas pelos falsários -outras sete pessoas foram indiciadas- por cerca de R$ 18,4 milhões.

Desenhos e esculturas do artista autenticados por Parisot eram vendidos como originais no mercado a preços por volta de R$ 200 mil cada.

Além das peças falsas encontradas na Itália, a polícia apurou que obras com as mesmas características também estiveram numa mostra feita por Parisot na Tailândia.

No Brasil, a mostra realizada pela produtora Museu a Céu Aberto captou R$ 2,3 milhões em leis de incentivo. Uma das obras propostas por Parisot foi rejeitada pelos organizadores brasileiros da mostra por ter sido apontada como falsa na Rússia.

Em julho, por ocasião da mostra no Masp, o acusado admitiu que havia sido condenado pela Justiça francesa em 2008 por expor desenhos falsos de Jeanne Hébuterne, mulher de Modigliani.

Olívio Guedes, cocurador da mostra brasileira, declarou desconhecer as investigações envolvendo Parisot. "Não estou a par de nada, isso tudo é novidade", afirmou. "As obras que vieram ao Brasil pertencem a colecionadores particulares, a mostra veio pronta para cá."

Sócio da produtora Museu a Céu Aberto, Paulo Solano afirmou que as obras expostas no país são "todas certificadas" e que a empresa "não negocia, oferece ou atesta a autenticidade de obras".

Teixeira Coelho, curador do Masp, preferiu não comentar a prisão de Parisot. Em julho, Coelho defendeu o curador dizendo que ele é "polêmico como outros", mas "nunca" fora questionado.

Procurado pela Folha, Parisot não atendeu aos telefonemas da reportagem.


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