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Análise

Venezuela não tem opção senão esperar para ver o que acontece

JENNIFER MCCOY MICHAEL MCCARTHY

EMBORA AS ELEIÇÕES DE DEZEMBRO TENHAM FORTALECIDO O PARTIDO DE CHÁVEZ, O PSUV, ELAS NÃO DEVEM SER VISTAS COMO TESTE VERDADEIRO

O presidente Hugo Chávez vem atuando há 14 anos como poderosa força unificadora na Venezuela, concentrando seus seguidores diversificados em torno de sua liderança e unindo seus adversários na aversão por suas políticas e sua persona.

Agora, faltando ainda semanas para a posse presidencial e com Chávez ao que parece gravemente doente, será muito mais difícil manter essas forças centrífugas em ação, e muitos observadores preveem instabilidade política, disputas internas debilitantes nos dois campos políticos e até mesmo violência.

Apesar de tudo, três dinâmicas podem ajudar a impedir que a Venezuela fique fora de controle.

Em primeiro lugar, Chávez começou na semana passada a preparar uma possível transição, nomeando a pessoa que espera que lhe suceda, com isso evitando uma disputa pela sucessão pelo menos no futuro imediato.

Em segundo lugar, a oposição voltou a ter um líder quando Henrique Capriles, que perdeu a eleição presidencial para Chávez em outubro, foi reeleito governador do Estado de Miranda em 16 de dezembro.

Em terceiro lugar, ficou claro que os dois lados aceitaram as eleições democráticas como único caminho legítimo para o poder -mudança em relação à volatilidade perigosa de dez anos atrás.

Observadores viram as eleições para governos e Legislativos estaduais como um teste da resiliência da oposição, depois da derrota desmoralizadora sofrida nas eleições presidenciais de outubro, e do potencial de sobrevivência do chavismo sem a presença de Chávez para apoiar candidatos.

Apesar disso, o partido governista aproveitou amplamente a doença do presidente para exortar seus partidários a votar como ato de amor ao "comandante".

Assim, embora as eleições de dezembro tenham fortalecido o partido de Chávez, o PSUV, elas não devem ser vistas como teste verdadeiro de como o chavismo vai se sair sem Chávez.

Os eleitores votaram em candidatos do PSUV em 20 dos 23 Estados do país, representando um ganho de três governadores.

As explicações da performance fraca da oposição variam conforme o Estado, mas incluem candidatos fracos e históricos de atuação fracos deles, em alguns casos; o fato de não terem sido criados vínculos organizacionais mais profundos com a população onde a oposição estava no poder; e a continuidade do chamado "ventajismo" -gíria usada para designar gastos altos do Estado e uso dos recursos públicos pelo partido governista.

Se a posse presidencial marcada para 10 de janeiro seguir adiante conforme o previsto, a força obtida com os resultados das eleições de outubro e dezembro dará ao governo todos os incentivos possíveis para levar adiante seus planos de aprofundar o chamado socialismo chavista do século 21, incluindo o modelo participativo aprofundado do "Estado comunal", que contesta certas estruturas da democracia representativa.

Contudo, se Chávez não estiver em condições de tomar posse, ou se ele ficar incapacitado durante os primeiros quatro anos de seu mandato de seis anos, a Constituição venezuelana prevê a realização de novas eleições, algo que criaria o contexto para uma potencial transição.

Um cenário de transição, se e quando acontecer, anunciará uma retomada da discussão nacional sobre o rumo futuro do país, com o potencial de debate substantivo já não focando uma personalidade única. Tal debate será importante para a Venezuela, se o cronograma comprimido previsto numa transição constitucional puder ser administrado para possibilitar que ela aconteça e se as condições de campanha forem mais equitativas.

Se não, os maiores prejudicados potenciais serão os cidadãos da Venezuela, já que as discussões importantes sobre políticas concretas provavelmente serão adiadas durante a competição de um novo ciclo eleitoral.

Por enquanto, os venezuelanos não têm outra opção senão esperar para ver o que vai acontecer.


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