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Primeiro do mundo, metrô de Londres faz 150 anos e reativa maria-fumaça

BERNARDO MELLO FRANCO DE LONDRES

Teve discurso, banda de música e até um banquete subterrâneo para 700 pessoas. Foi com pompa e circunstância que Londres inaugurou, em 9 de janeiro de 1863, o primeiro metrô do mundo.

A curiosidade para testar a nova invenção era tão grande que a viagem planejada para durar 18 minutos se estendeu por duas horas e meia.

Os convidados, quase todos homens de fraque e cartola, queriam conhecer os detalhes de cada estação para contar aos amigos até o dia seguinte, quando o serviço seria aberto aos plebeus.

Para um povo que adora efemérides, os 150 anos do metrô de Londres serão um prato -ou um vagão- cheio.

Os ingleses já começaram a festejar a data com selos comemorativos, livros, exposições e, claro, muitas lembranças para os turistas.

A programação incluirá até uma viagem retrô numa maria-fumaça de 1898, restaurada pelo museu de transportes da cidade. Os ingressos já foram vendidos; os mais caros, a £ 180 (cerca de R$ 605).

Quem investiu tanto dinheiro viajará num típico trem a vapor do século 19, enfumaçado e barulhento, mas com os trilhos colocados embaixo da terra. A solução foi bolada para driblar o engarrafamento de charretes e bondes puxados a cavalo e ligar estações ferroviárias à City, o centro nervoso de Londres.

Na época da inauguração, a capital do império britânico era a cidade mais populosa do mundo, com quase 3 milhões de habitantes.

O "tube" original refletia as divisões da sociedade vitoriana. Os passageiros viajavam separados em vagões de primeira, segunda e terceira classes. Aos poucos, o serviço se tornaria mais democrático e moderno. Vieram avanços como trens movidos a eletricidade (1890), escadas rolantes nas estações (1911) e portas automáticas (1923).

Na segunda guerra mundial (1939-1945), os túneis viraram abrigo antiaéreo para proteger a população de bombas da Alemanha nazista.

Mesmo assim, em 10 de maio de 1941, os nazistas o atingiram em 20 pontos, num ataque noturno que matou 1.500 londrinos.

O heroísmo do período está bem documentado em "How the Tube Shaped London" [Allen Lane, 286 págs, R$ 84], lançado pelo aniversário. O livro lembra outras tragédias como o acidente de 1975 em Mooregate (43 mortos), e os atentados terroristas de 2005, que deixaram 52 mortos e mais de 700 feridos. Em 2005 o metrô voltaria a ser notícia quando o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto por engano pela polícia em uma estação.

Apesar dos traumas, os londrinos aprenderam a se orgulhar de seu "underground", de dar inveja a qualquer cidade brasileira. A rede leva 1,1 bilhão de passageiros por ano. São 11 linhas e 402 km de trilhos, quase o trajeto Rio-São Paulo.

O metrô é onde Londres se revela mais multicultural, com gente de todas as línguas e etnias. O clima de Torre de Babel só não é maior porque os passageiros dedicam cada vez mais tempo à companhia silenciosa de smartphones.


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