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Brasil indica embaixador como candidato a diretor-geral da OMC
Roberto Azevêdo é representante do país para o órgão em Genebra desde 2008; eleição é em março
Até agora, são nove os candidatos a suceder o francês Pascal Lamy; nenhum deles vem de países desenvolvidos
O embaixador Roberto Azevêdo, representante do Brasil para a OMC (Organização Mundial do Comércio) desde 2008, foi escolhido pelo governo para concorrer ao posto máximo no órgão.
Sua candidatura, já esperada, foi confirmada ontem junto à OMC, em Genebra. Até agora, são nove os nomes apresentados -todos de países emergentes ou em desenvolvimento- para suceder o francês Pascal Lamy, que deixa o cargo em setembro. O novo mandato termina em 2017.
Os países-membros da OMC, no entanto, têm até a próxima segunda-feira para apresentarem suas candidaturas. A eleição começará em 31 de março e deve ser concluído em dois meses.
O Brasil é visto como um concorrente forte, por seu peso econômico -alcançou o posto de sexta economia do mundo no início do ano segundo algumas consultorias- e por sua atuação internacional cada vez expressiva. Além disso, a OMC nunca teve um diretor latino-americano.
Da região, o Brasil concorre com México -que indicou o ex-secretário de Comércio Herminio Blanco- e Costa Rica -que lançou a candidatura de sua ministra de Comércio Exterior, Anabel González, uma das favoritas.
Segundo o Itamaraty, o Brasil apresenta credenciais importantes para o posto, como sua defesa pelo "crescente engajamento" dos membros da OMC para fazer avançar a Rodada Doha.
Também sustenta que Azevêdo tem importantes qualificações para o cargo, como "amplo conhecimento da organização, seus mecanismos e potencialidades, estando envolvido com temas econômicos há mais de 20 anos".
Entre 1995 e 1997, o diplomata foi o principal assessor econômico do então chanceler Luiz Felipe Lampreia. Depois serviu na missão em Genebra e dirigiu por quatro anos a Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty.
Foi em 2009, quando já estava à frente da representação na OMC, que o órgão autorizou o Brasil a retaliar os EUA pelos subsídios ao algodão.
No entanto, há quem defenda que o fato de o Brasil não ter escolhido um mais alto funcionário para disputar o posto enfraquece a candidatura do país.
"Um latino-americano ou africano levará o cargo desta vez. Uma possibilidade é o brasileiro Roberto Azevêdo, mas os diretores-gerais são, tradicionalmente, ex-ministros, e não embaixadores", afirma Alan Beattie, do "Financial Times".
Depois de várias tentativas de emplacar um brasileiro em órgãos internacionais, o Brasil teve uma vitória em 2011, com a eleição de José Graziano para a FAO. Em 2005, o país concorreu para a OMC com o também diplomata Luiz Felipe Seixas Correa, que perdeu para Lamy.