Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Câmara trava acordo contra abismo fiscal
Líder republicano na Casa diz que Senado deveria ter votado cortes significativos nos gastos públicos dos EUA
Falta de entendimento pode prejudicar a frágil recuperação da economia americana e afetar Bolsas hoje
Mary F. Calvert/Reuters | ||
O vice-presidente Joseph Biden chega à Câmara para negociar comos parlamentares |
O acordo fiscal que o Senado aprovou na manhã de ontem corre o risco de não ser aprovado pela Câmara, permitindo que uma série de aumento de impostos e cortes de gastos aconteça em 2013.
O líder dos republicanos da Câmara, Eric Cantor, discorda do aumento de impostos aprovado pelo Senado, sem que o governo dos EUA tenha oferecido cortes significativos nos gastos públicos.
A preocupação maior, com o atraso da votação, é como as Bolsas de valores mundo afora reagirão hoje -sem pacto fiscal, o chamado "abismo fiscal" pode afetar a frágil recuperação da economia americana.
O Congresso americano só pode aprovar o acordo sugerido pelo governo até amanhã de manhã. Na quinta-feira ao meio-dia, tomam posse os novos deputados eleitos em 6 de novembro, no mesmo dia da eleição presidencial que reelegeu Obama. Com o início da nova legislatura, a votação teria que recomeçar do zero.
Na segunda-feira, o presidente Barack Obama enfureceu vários setores do Partido Republicano ao dizer, em discurso, que nenhum acordo significaria o fim de aumentos de impostos para os mais ricos e que não cortaria seus programas sociais.
Fazendo comentários jocosos no discurso, Obama foi considerado "debochado" pelos republicanos.
Entre as concessões feitas pelo presidente Obama, está a de aumentar a alíquota do imposto de renda de 35% para até cerca de 39% só para famílias com renda superior a US$ 450 mil ao ano, ou menos de 1% dos contribuintes.
A proposta anterior era de aumentar o imposto para quem ganha acima de US$ 250 mil/ano, 2% dos contribuintes. Setores à esquerda do Partido Democrata reclamam que o presidente concedeu demais aos republicanos, que são contrários a qualquer aumento de impostos, inclusive aos mais ricos.
Os republicanos continuam acusando o governo de focar demais em aumentar impostos em vez de cortar gastos. Mas o racha no partido ficou claro. O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, aceitou o acordo aprovado no Senado; Cantor, líder republicano na Câmara, se diz contrário.
A divisão no topo do Partido Republicano é considerada um dos maiores obstáculos a qualquer acordo, assim como a pouca vontade de Obama em negociar.
Outra data que pressiona uma votação no Congresso americano é março, quando o deficit público atinge o teto legal e vários cortes de gastos públicos entram compulsoriamente em vigor.
O presidente já afirmou que quer uma reforma tributária geral e que não aceita cortes no plano de saúde, no seguro-desemprego, no crédito universitário e nos estímulos a empresas que pesquisem energias renováveis.