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Peru teme fantasmas do Sendero e Fujimori

Apoiadores e familiares do ex-ditador pedem sua libertação, enquanto guerrilha pressiona para entrar na política

Presidente Ollanta Humala sofre pressão para conceder indulto ao político, que está preso e sofre de câncer

Paolo Aguilar - 22.nov.2012/Efe
Manifestantes com bonequinho alfinetado representando o ex-ditador Alberto Fujimori, durante um protesto no Peru
Manifestantes com bonequinho alfinetado representando o ex-ditador Alberto Fujimori, durante um protesto no Peru
SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Duas décadas depois do "autogolpe" de Alberto Fujimori, que resultou no fechamento do Congresso e no início de uma ditadura corrupta, o Peru vive assustado pela presença constante de dois fantasmas de seu passado político.

Um deles é o próprio ex-ditador, preso desde 2007, e seu legado, o fujimorismo, que segue presente como força no Congresso e na sociedade.

O outro é a guerrilha do Sendero Luminoso, que dá sinais de não ter sido extinta com a prisão de seu líder, Abimael Guzmán, em 1992.

No mês passado, apoiadores e familiares de Fujimori foram às ruas pedir sua libertação. Foi mais um capítulo da novela do pedido de indulto pelo qual lutam seus filhos.

Fujimori, 74, governou o Peru por dez anos (1990-2000). Apesar da estabilidade econômica e da luta contra a guerrilha, foi um período de abusos contra os direitos humanos e de muita corrupção.

Depois de tentar viver no exílio no Japão e no Chile, Fujimori foi preso e condenado em seu país. Atualmente, cumpre pena de 25 anos por crimes de lesa humanidade em uma base militar.

O ex-ditador, porém, está doente. Uma lesão cancerosa na língua já o fez passar por cinco cirurgias, a última delas com complicações para a cicatrização.

A decisão final sobre o indulto será do presidente Ollanta Humala, que sofre pressão por parte dos setores conservadores do Congresso e da imprensa.

"Ele, a família, os simpatizantes e a população querem que esse processo comece. Meu pai é um paciente de câncer de alto risco, não pode continuar na prisão", disse numa das passeatas Keiko Fujimori, filha do ex-ditador e candidata derrotada nas últimas eleições.

"O indulto tem certo apoio popular, segundo as pesquisas, mas é desagradável para muitos membros do próprio governo e para boa parte da sociedade. O desgaste político de Humala seria muito grande se o aprovasse", diz à Folha Santiago Roncagliollo, autor de "La Quarta Espada", uma biografia de Abimael Guzmán.

GUERRILHA

Já o Sendero Luminoso, responsável por mais de 30 mil mortes nos anos 1980/90, havia sido praticamente aniquilado em meados dos anos 1990. Agora, a guerrilha volta a realizar ataques no sul do país e ameaça entrar no cenário político.

O Movadef (Movimento pela Anistia e os Direitos Fundamentais), formado por ex-militantes e estudantes, vai ganhando espaço no interior do país e nas universidades e insiste em ter aceito seu pedido para se inscrever como partido político, já negado uma vez.

O Movadef pede a liberação dos presos políticos e defende o chamado "pensamento Gonzalo", a ideologia do líder Guzmán, uma mistura de várias correntes de pensamento de ultra-esquerda.

"Não há como curar feridas do passado de outro modo, a não ser por meio da Justiça e do voto", afirma Roncagliolo. "Se essas forças ameaçam voltar, temos de derrotá-las pelas vias legítimas."


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