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Suspenso, Paraguai vende mais ao Mercosul

Exportações do país ao bloco subiram 30% nos cinco meses após sanção política aplicada pelos outros membros

Crescimento foi puxado por importações do Brasil; empresários paraguaios já visam outros mercados

ISABEL FLECK DE SÃO PAULO

Nos cinco meses seguintes à sua suspensão do Mercosul, o Paraguai exportou para os países do bloco 30% a mais do que no mesmo período do ano anterior, quando ainda fazia parte do grupo.

Entre julho e novembro de 2012, as exportações para Brasil, Argentina e Uruguai somaram US$ 626 milhões. Em 2011, o valor havia sido de US$ 485 milhões.

O Paraguai foi suspenso após o impeachment-relâmpago do ex-presidente Fernando Lugo, em junho.

O crescimento foi puxado principalmente pelo Brasil, que importou 42% a mais do Paraguai do que em 2011, segundo o Ministério de Indústria e Comércio do país vizinho. Nas contas do MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro), o aumento registrado foi um pouco menor: 35%.

A diferença se explica pelo diferentes métodos usados pelos governos para calcular o fluxo comercial.

Para o governo brasileiro, os dados são uma prova de que a suspensão do Paraguai tem caráter apenas político e demonstram o compromisso do bloco em "não prejudicar o povo paraguaio" com sanções comerciais.

Segundo o MDIC, o aumento expressa que as relações comerciais "prosseguem dentro da normalidade", com o setor privado dos dois países "se beneficiando da estabilidade no intercâmbio de bens".

Empresários paraguaios, no entanto, fazem uma leitura diferente. Para eles, o aumento na balança comercial no período só foi possível por meio da pressão do mercado brasileiro sobre o governo.

"Os compradores brasileiros precisavam dos nossos produtos, como trigo e milho, e exerceram pressão sobre o governo. Por parte do governo, nos colocaram todos os obstáculos", diz Sonia Tomassone, assessora de comércio exterior da Capeco (Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas).

Segundo ela, houve uma "retaliação indireta" ao Paraguai, por meio de "operações padrão" na fronteira. "Se não exportamos mais, foi por questões de Receita [brasileira]", afirma, citando a greve dos funcionários da Receita Federal no segundo semestre.

A exportação de grãos (soja, milho e trigo) do Paraguai ao Brasil registrou um aumento de 61% entre julho e novembro, em comparação com 2011, enquanto a venda de carne mais do que triplicou.

PORTAS FECHADAS

Apesar de os números do Mercosul terem aumentado, as exportações paraguaias para Argentina e Uruguai caíram 20% após a suspensão do país do bloco.

Cenário ainda mais drástico aconteceu com a Venezuela. Após o presidente Hugo Chávez cortar as relações diplomáticas com Assunção, as importações de produtos paraguaios na Venezuela caíram de US$ 60 mi entre julho e novembro de 2011 para US$ 3 mi no mesmo período em 2012.

"Não vemos lógica na suspensão, mas isso fortalece o Paraguai porque descobrimos que podemos fazer as coisas melhor sem os parceiros que não nos querem", diz José Bogarín Allende, um dos diretores da Capex (Câmara Paraguaia de Exportadores).

Segundo ele, outros países "têm se aberto aos produtos paraguaios", como os europeus e asiáticos.

Os olhos dos empresários estão voltados em especial para a China, que consumiu 53,5% a mais produtos paraguaios em relação a 2011. Entretanto, cerca de 26% das vendas do Paraguai hoje ainda dependem do Mercosul.


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